Marc Anthony é um péssimo ‘conquistador’, o que quer dizer que a estrela da música latina é realmente muito boa a seduzir uma multidão do tamanho de um estádio com um olhar demorado, uma anca inclinada ou um piscar de olhos em câmara lenta. Estes foram alguns dos muitos truques que Anthony utilizou esta quarta feira, 26 de junho na MEO Arena em Lisboa, onde provocou gritos, desmaios (quem sabe) e muita cantoria entre as fãs.
Marc Anthony parecia estar a seduzir os fãs um a um, mas também a arena lisboeta como um todo nesta sua estreia em Portugal.
A digressão de Anthony intitula-se “Historia Tour“, e ao longo de 100 minutos apresentou em palco uma retrospetiva da sua carreira, incluindo canções da maioria dos seus lançamentos, desde “Otra Nota (Another Note)” de 1993. Uma ausência notável foi qualquer material em inglês que ele tenha gravado.
Para além de algumas palavras de conversa entre canções, o concerto foi inteiramente em espanhol. Também faltaram as influências do hip-hop, da eletrónica e do reggae, comuns no pop latino dos dias de hoje, mas ninguém sentiu essa ausência, ninguém estava à espera de um J Balvin. As batidas e os timbres sonoros eram os da salsa dos anos 60 e 70.
O cantor de 55 anos, elegantemente desalinhado com calças de ganga azuis e um casaco e camisa preta até à anca, nasceu em Nova Iorque, filho de pais Porto Riquenhos. Esses são os dois lugares mais identificados com a salsa, embora a base rítmica do estilo seja afro-cubana. Esta quarta feira, muitas das canções começavam como baladas, com Anthony apoiado principalmente pelo piano ou a guitarra acústica. Estas passagens, que representavam a herança ibérica da música, não duravam muito tempo, com Anthony rapidamente a ser acompanhado pela estrondosa e ágil banda, cujos 16 membros incluíam quatro docas de percussão.
No final de uma viagem por 30 anos de carreira, ficaram as memórias ente outras de “Vivir mi vida” e de uma noite partilhada entre o músico e público.
🖋 redação
📸 Paulo Miranda
