A nova ordem de Manchester chega a Paredes de Coura…

Falar dos New Order é falar da música que surgiu em Manchester em finais dos anos 70. A aventura teve inicio em 1977 aquando da formação dos Joy Division. Ian Curtis, Peter Hook, Stephen Morris e Bernard Sumner definem um caminho único da música que viria tornar a cidade de Manchester como ponto de referência da música britânica. Conflitos, discussões e a morte de Ian Curtis viriam a mudar o ritmo da banda.
Nas vésperas da digressão americana dos Joy Division, em 1980, Ian Curtis suicida-se deixando os restantes 3 elementos sem rumo. No verão o trio ainda participa em alguns concertos mas em finais de 1980 a expressão New Order surge como forma de triunfar sobre a tragédia que abalou o grupo inglês.

O single de estreia surgia em 1981, “Ceremony” e o primeiro álbum da banda, “Movement” não fugia das sonoridades escuras e melancólicas da herança deixada por Ian Curtis.

Seria em finais de 1981, numa curta passagem por New York, que a música electrónica, na altura a despertar nos clubes da cidade, que viria a inspirar os singles que se seguiram, “Everything’s Gone Green” e “Temptaion”.

A ligação da banda com a Factory Records e o seu club, ‘La Hacienda’ (inaugurado em 1982) foram fulcrais para que os três rapazes dos subúrbios de Manchester se tornassem uma referência da música de dança na primeira metade dos anos 80 do século XX.

Power, corruption & lies” de 1983 rompia definitivamente com os Joy Division. Nesse álbum estava um diamante bruto que rapidamente se viria a tornar o 12’’ mais famoso da história da música, “Blue Monday”, canção que bebia do disco produzido em Nova Iorque onde a chamada ‘dance scene’ era dominada por nomes como Sylvester.
Ainda em 1983, “Confusion” trazia uma mescla de sons bem definidos, não só no titulo do tema, e colocava definitivamente o trio nas pistas de dança.

Em 1985 a banda abria as portas à pop, mas nunca deixando de lado a electrónica na sua vertente mais dançavel, provas disso foram os singles “The perfect Kiss” e “Sub-culture”.

Ao longo da segunda metade dos anos 80 a banda deu a conhecer sucessos que marcaram a música britânica, como “True Faith” ou “Touched by the Hand of God”.

Em 1990 são convidados a gravar o tema oficial da selecção Inglesa de futebol, “World in Motion”. Em 1992 a editora da banda, Factory records, entra em falência e o disco “Republic” acaba por ser editado pela London Records, que entretanto adquirira os direitos da editora insolvente. Seria o afastar de uma cultura criada e desenvolvida em Manchester ao longo de 15 anos.
Ao longo dos anos seguintes a banda deixou de ter um fio condutor levando a várias separações, como as que aconteceram entre 1993 e 1998 e 2007 e 2011. Pelo meio alguns projectos paralelos dos elementos da banda, como é caso dos Electronic que juntou Bernard Sumner e Johnny Marr dos The Smiths.

 

Nessas últimas 2 décadas e apesar das separações e desavenças, fomos brindados por algumas pérolas musicais, caso do álbum “Get Ready” em 2001 onde o single “Crystal” fazia as honras da casa e em 2005 o excelente “Waiting for the Siren’s Call.

O álbum “Live at the London Troxy”, lançado no final de 2011, documentou o regresso bem-sucedido dos New Order aos palcos, bem como a oportunidade de atuarem, juntamente com Blur e The Specials, na sessão de encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres. Apesar da saída de Peter Hook ter ocorrido oficialmente em 2007, “Lost Sirens” o disco de 2013, ainda contou com a participação do baixo do músico, que em 2015 viria a processar os restantes elementos da banda.

Em 2017 o conflito é sanado e a banda apresenta-se em palco no inicio de 2018 para iniciar uma digressão pelos Estados Unidos.

Em 2019 a banda apresenta-se no Vodafone Paredes de Coura num concerto único com a presença em palco de Bernard Sumner (a voz inconfundível do grupo), Stephen Morris, Gillian Gilbert, Phil Cunningham e Tom Chapman.

 

Texto: Paulo Homem de Melo

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