A noite dos Assassinos estreia 50 anos depois da sua proibição

Comemorando o 50º aniversário do 25 de Abril, o TEC (Teatro Experimental de Cascais) inicia o ano e um ciclo de textos proibidos pela Censura, com A Noite Dos Assassinos, de José Triana, texto revolucionário que o TEC produziu em 1973, com encenação de Jorge Listopad e que não chegou a ir a cena, por proibição no dia do ensaio geral.

Será uma forma de homenagear os intérpretes de então: Maria do Céu Guerra, Manuela de Freitas e Sinde Filipe, bem como o encenador Jorge Listopad, assim como todos os artistas que tiveram de se calar perante a Censura.

Obra importante do dramaturgo cubano José Triana, a história remonta a 1950, em Cuba, antes da Revolução de 1959, quando três irmãos, Cuca, Beba e Lalo, se encontram no sotão da sua casa para encenar o assassinato de seus próprios pais. À primeira leitura estamos perante uma metáfora dramática do clima vivido naquele país, focada no conflito de gerações entre pais e filhos, especificamente em relação aos valores educacionais daqueles e a revolta destes, traçando o retrato de uma complexa relação entre irmãos. Para o TEC esta metáfora liga-se de forma mais profunda a contextos mais universais e atuais, onde num mundo instável e caótico, três irmãos lutam pela sua sobrevivência fechados num espaço, através de jogos de representação: improvisação, ensaio, ou uma representação do que já foi realizado?

Neste violento jogo meta teatral de faz-de-conta, mortal e simbólico, não há amor entre os pais e filhos, revivem-se os acontecimentos num espelho interminável e nada é o que parece.

A Noite Dos Assassinos tem estreia marcada no TEC 50 anos depois de ter sido proibida, dia 27 de março.

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