24 bailarinos, música, dança e exaustão numa noite no CCVF

Annette, Adele, e Lee é o título da nova criação do coreógrafo Rui Lopes Graça com o artista plástico João Penalva para a Companhia Nacional de Bailado. Os três nomes próprios que constituem o título poderão sugerir um triângulo amoroso, mas este não é um bailado narrativo.  São, na verdade, os nomes dos três bailarinos de sapateado (invisíveis) que, contratados para dançar num estúdio de gravação de som, deram origem ao material com que David Cunningham compôs a paisagem sonora para este bailado.

 

Nesta criação, Lopes Graça e Penalva afastam-se da ideia de dança narrativa, começando o processo baseado na ideia de percussão feita por bailarinos: “Criou-se uma situação em que os bailarinos foram gravados com dois microfones nos pés e dois mais altos, a partir de uma playlist feita por nós”, explica João Penalva em entrevista. Mas isso é apenas o som que inspira os bailarinos clássicos a cumprir a sua linguagem, a coreografia de Lopes Graça. “O mais interessante é a ideia de que os bailarinos que se veem não se ouvem, e os bailarinos que se ouvem não se veem, essa ideia interessou-nos, de algo que é invisível, os bailarinos que dão nome à peça são nomes que não têm corpo, têm que ser imaginados”, conclui Penalva.

 

Com o avançar da noite, a Madrugada eleva-se no palco do Centro Cultural Vila Flor com a mais recente criação de Victor Hugo Pontes, com assistência de Vera Santos e música original de Rui Lima e Sérgio Martins. A hora do dia – da noite? – em que a máquina do tempo parece mais perfeitamente equilibrada é também a hora mais excessiva. Lusco-fusco, exaustão do corpo, fim de festa, regresso à luz. Dançar a noite toda. No fim o corpo já não pensa, só reage. Todos juntos no escuro: a música, os olhos, as histórias, os tropeções, o corpo suado. Todos consigo mesmos: os olhos fechados, ver muito para dentro, por dentro,  o corpo frenético.

 

No próximo dia 14 de setembro, mês em que o Centro Cultural Vila Flor (CCVF) comemora 14 anos de existência recheados de programação regular e eclética, a Companhia Nacional de Bailado (CNB) toma o palco do seu Grande Auditório com um programa duplo para uma só noite

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