10 000 Russos… apitos nos ouvidos, coração cheio, euforia partilhada…

Núcleo A70. 10 000 Russos. João Pimenta (bateria e voz), Pedro Pestana (guitarra) e Nils Meisel (sintetizadores).

Por cima do hi-hat, uma pandeireta pousada une os seus tinidos às vibrações produzidas pelo bater dos pratos, uma maraca bate no timbalão.

 

Os baixos da máquina atingem o peito dos presentes, sincronizando a pulsação de dezenas. Bateria simples, descomplicada, remete para sons presentes em grupos como, por exemplo,  The Velvet Underground.

 

A guitarra e sintetizadores produzem o vento melódico de uma tempestuosa noite de Verão, hipnotizando o público que, vencido, dança nas cadeiras dispostas pela sala. Não fosse a situação pandémica em que nos encontramos, juntar-se-ia a eles o som dos saltos de uma audiência em transe colectivo.

 

Cabeças abanam, pés batem, aplausos fazem-se ouvir por cima da distorção; 10 000 Russos conseguem, assim, atingir um público cujas idades devem estender-se entre os 20 e 50 anos. A guitarra, muito distorcida, prende-nos, instiga-nos, não perdoa. O ritmo e intensidade aumentam, uma voz de intervenção, críticas sociais e políticas chamam-nos a agir.

O chão estremece, fruto da bateria e das tantas solas que marcham coordenadas pelas frequências que, interessantemente, nunca param, nem mesmo entre temas. Todas as partículas nesta sala vibram.

Saio com apitos nos ouvidos, coração cheio. Euforia partilhada.

 

Reportagem: Miranda R-Reker

Fotografia: Magda Costa

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