“Tales From The Subterranean” é o novo LP de Julius Gabriel

Fica disponível esta quinta feira, 28 de março em todas as plataformas digitais, “Tales From The Subterranean”, o novo LP de Julius Gabriel. A edição será ainda libertada em vinil numa colaboração entre a Lovers & Lollypops e a editora alemã Ana Ott. O músico iniciará uma tour europeia de apresentação do disco já em março, estando prevista o regresso a Portugal para ronda de concertos em maio.

A motivação causada pela pressa de ver algo a mexer em 2020 convidou a encontrar muitos discursos sobre a criatividade durante a pandemia, a forçar um entendimento a quente, porque estávamos a viver a coisa a quente e a querer sair dali. A arte imediata e as suas resoluções pareciam um caminho. Percebemos agora que nos precipitamos – e muito – a encontrar respostas, soluções, a justificar existências, a procurar razões, a cometer o erro de acharmos que o melhor (o que vem a quente do momento) já tinha acontecido. Agora, conforme a distância se alarga, percebe-se que o melhor desses dias está a chegar (e continuará a chegar). Soberbo exemplo: “Tales From The Subterranean”, quinto álbum a solo do saxofonista alemão Julius Gabriel.

É preciso tempo, é preciso dar espaço às ideias. E uma ideia como esta não tinha surgido se o músico não estivesse fechado em casa, numa em Hamburgo com uma acústica muito sensível que convidou os ouvidos a perceberem o potencial do som produzido pelos dedos enquanto fazia exercícios no saxofone. Eis a ideia, a percepção, depois vem a maturação, os três anos e tal entre esse “momento Eureka” e a materialização da ideia, absorvida dentro e fora do confinamento, pronta para se ouvir cá fora e não num processo elíptico de “música de pandemia”.

Tales From the Subterranean” não é “música de pandemia” mas sem a pandemia não teria existido. O silêncio fez Julius ouvir o som, mas depois precisou de perceber como o poderia amplificar, criar e gravá-lo sem perder as características eletroacústicas da ideia. A ideia é tangível logo na abertura, “Time Riding”, os dedos criam um ritmo dilacerante, um sapateado frenético que convida a dançar. Por cima, começam a surgir outros ritmos, marcados pela respiração ou pelo som do instrumento, que se instalam democraticamente na ideia inicial. A imersão pelo som e ritmo é total, a vontade de dançar mitiga quando se percebe que não se consegue acompanhar o movimento até que, no final, há uma desaceleração gradual que arruma o tema numa ideia de ciclo completo.

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