Co/Lapse é uma performance audiovisual composta por vários fragmentos musicais que vão sendo expostos por ordens cronológicas imaginárias, numa narrativa construída pelas diversas associações individuais feitas pelo público. A matéria-prima é baseada na controversa obra de Pedro Cabrita Reis, exposta no Museu Internacional de Escultura Contemporânea de Santo Tirso, e consiste na dureza do tijolo e do cimento, que serão utilizados nesta criação como elementos de edificação e destruição de formas e motivos sonoros. Esta apresentação de Gustavo Costa e Henrique Fernandes acontece esta sexta-feira, às 18h30, com entrada livre, no âmbito da exposição Disposofónicos: Acumuladores de Objetos Sonantes, da Sonoscopia.
Na área expositiva do CCVF, desde o dia 27 de abril que o som e a música podem provir de qualquer lugar, desde objetos inusitados ou partes em construção de instrumentos até às instalações sonoras construídas pelos membros deste coletivo a partir de coisas tão díspares como computadores ou gavetas de madeira. Disposofónicos: Acumuladores de Objetos Sonantes, apresentada pela Sonoscopia no Centro Cultural Vila Flor, parte da ideia de “colecionismo sónico”. Entre o fascínio e a obsessão, a acumulação de materiais, de objetos peculiares produtores de som, gravações de fontes sonoras encontradas e o gosto pela transformação de desperdícios, encontra-se a disposofonia. É neste lugar imaginado, mas que carateriza a realidade do coletivo de músicos da Sonoscopia, que nascem novos instrumentos e se pensa a música como espaço de igualdade entre todos os sons e se liberta o ruído das suas amarras seculares.
Distinta da disposofobia, a disposofonia é um neologismo causador de bem-estar civilizacional e um conceito agora anunciado pela Sonoscopia para definir o ato humano compulsivo e imperioso de respigar e de colecionar inutilidades sonoras, desde as mais inócuas às mais turbulentas, ou mais estouvadas. Torna-se assim a disposofonia num conjunto de efeitos hápticos capazes de promoverem no ser humano uma ecologia de saberes e de fazeres sonoros. Estes efeitos são causados pela ideia simples de que o mundo já não gira em torno dos inventores de novos sons ou ruídos mas, antes pelo contrário e porque já está muito cansado, passeia muito mais elegantemente em roda da invenção de outras ideias sonoras, de outros pensamentos.
photo: Augusto Lado