Ricardo Dias Gomes… colabora com Arto Lindsay no novo álbum “Aa”

Ricardo Dias Gomes nasceu em 1980 no Rio de Janeiro no meio duma família de músicos: o pai é trompetista de jazz, Guilherme Dias Gomes, que tocou e gravou com o ganhador do Grammy Ivan Lins, músico brasileiro do género pop-rock; o tio Alfredo Dias Gomes, um exímio baterista de rock drummer que tocou e gravou com o lendário Hermeto Pascoal; e a tia Denise Emmer é violoncelista clássica fundadora da respeitada orquestra de câmara Camerata Dias Gomes.

 

Aos 10 anos o piano foi a porta de entrada de Ricardo na exploração musical e na adolescência construiu um estúdio no seu quarto usando os equipamentos não utilizados do pai enquanto tinha aulas de piano clássico e jazz. Ricardo fez um bacharelato em arranjo musical na Universidade Dederal do Rio de Janeiro até que aos 20 anos se cansou do aspecto cerebral dos estudos. A fim de desenvolver um modo mais visceral e físico de fazer música, escolheu o baixo elétrico e passou os vinte e poucos anos a experimentar. Pelo meio dos anos 90 era conhecido na cena musical do Rio de Janeiro pelo seu jeito único e original de tocar graças às colaborações com músicos como Lucas Santtana e Nina Becker até formar a banda Do Amor com os amigos mais próximos. Lançaram três discos aclamados pela crítica: “Do Amor” (2007), “Piracema” (2013) e “Fodido Demais” (2015) que os posicionou como pioneiros na cena indie latino Americana tocando pelo Brasil e também Londres, Barcelona (Primavera) e Portugal (Mexefest).

Foi em 2006 enquanto gravava o disco de estreia Do Amor que Ricardo recebeu uma oferta que não poderia recusar: o artista ícone e fundador da Tropicália, Caetano Veloso, convidou-o a trabalhar num ousado novo projeto. Ao lado do seu companheiro de Do Amor, Marcelo Callado e o também já amigo Pedro Sá, Ricardo tornou-se membro da Banda Cê de Caetano Veloso. Pela década seguinte, Banda Cê trabalhou com Caetano para forjar um som unicamente experimental, pós-tropicália, que acompanhou Caetano ao atingir seu ápice criativo como das aclamadas gravações dos anos 60 e começo dos 70, recolhendo um extraordinária aclamação internacional com os discos (2006), Zii and Zie (2009) e Abraçaço (2012). Os três lançados pela Nonesuch, têm a marca de Ricardo e da Banda Cê firmemente tecida no som espinhento e pós-punk. Ricardo realizou um bom número de tours mundiais com Caetano e a Banda Cê: “Estar perto do Caetano por uma década foi das mais inspiradoras experiências artísticas,” diz, “a coragem e a honestidade tão presentes nas suas canções e na sua performance teve impacto imenso na minha carreira solo”.

 

No inverno de 2015 a seguir a última tour com Caetano, Ricardo estava preparado para um novo desafio: “Aluguei um quarto em um estúdio e mergulhei numa rotina de solitude, tocando e experimentando com sons e compondo músicas.” O sabor íntimo e experimental desse novo material foi uma viagem de volta à adolescência, às experiências no quarto home studio. No fim desse ano gravou -11 tocando todos os instrumentos e confiando somente nos próprios instintos para escolher os rumos a seguir: “-11 se caracteriza por um confronto com meu passado e a aceitação das minhas próprias limitações”.

Com “Aa” Ricardo abre mão do “experimentalismo solitário” do -11 em favor de colaborações: Moreno, filho de Caetano Veloso toca percussão em Tela Parada; Joana Queiroz toca clarinete em 1 2 3 Nenéns, a guitarra elétrica é de Pedro Sá em Paranormal e a lenda brasileira do movimento No Wave Arto Lindsay participa em Fogo Chama.

 “Com Aa eu quis capturar a epifania sentida enquanto tocando ao vivo”, “ainda que gravar essas faixas não foi sempre agradável – lembro de dias difíceis no estúdio, quando me senti cru e exposto. De todos modos me sinto orgulhoso com o resultado – os arranjos ainda que de sabor minimalista são agora mais coloridos, o baixo pesado e letras híper sinceras”

“Aa” foi gravado também perto do nascimento do terceiro filho de Ricardo e do começo do planeamento de passar um tempo em Portugal que afinal foi assumido como a sua nova morada oficial. Outra característica deste disco é a influência dos tempos sombrios no Brasil e no mundo e a experimentação artística como digestão e criação de novos significados, a construção da própria história. “Aa” foi finalizado no início de 2017. Logo a seguir Ricardo muda-se para Lisboa onde colaborou com o cantautor americano Jesse Harris, tocando baixo e teclado com Harris no seu próximo álbum (a ser lançado no fim de 2018), e numa colaboração ainda a ser lançada com Will Graefe and Jeremy Gustin componentes do Star Rover, e mais ainda, compor música para cinema e teatro brasileiros.

 

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