Quando a inteligência artificial não se distinguir da nossa

Um tema cada vez mais atual, sobretudo agora que já vimos duas máquinas, dois robôs, a conversarem durante uma sessão da recente Web Summit: em que momento deixaremos de conseguir distinguir o raciocínio humano da inteligência artificial de um computador? A pergunta está no centro da peça teatral “O teste de Turing”, do dramaturgo brasileiro Paulo Santoro, objeto da próxima sessão do ciclo “Salvé a Língua de Camões”, marcada para quinta-feira, 30 de novembro, às 21h30, no Espaço Irene Vilar do Museu da Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira.

Criado pelo matemático inglês Alan Turing, o teste de Turing destina-se a verificar se é possível atribuir a um computador a noção de “inteligência”: um ser humano fechado numa sala, e com acesso apenas a um terminal de computador, conversa ao mesmo tempo com outro ser humano e com um computador. Se não lhe for possível distinguir, entre os dois interlocutores, qual é o computador, este terá passado no teste de Turing.

Partindo deste exame, Paulo Santoro criou uma obra de ficção científica em torno de uma máquina supostamente capaz de simular por completo a consciência e o comportamento dos seres humanos. O conceito de “inteligência artificial” serve, todavia, de espelho para realçar as limitações da própria consciência humana: o homem pode mudar o modo como pensa e como se vê, modificando mesmo as suas crenças mais profundas e baralhando as noções filosóficas herdeiras do pensamento de René Descartes.

“Eu tenho mais respostas do que uma criança de dois anos, e ela é um ser humano. E ela é um ser humano que não tem medo de ser desligada. Ela aprenderá a ter medo de ser desligada, assim como eu aprendi”, diz a máquina sujeita ao teste de Turing. Ainda seremos capazes de reconhecê-la?

Há quase 14 anos que, uma vez por mês, a Companhia Teatro Reactor, com o apoio da Câmara Municipal de Matosinhos, promove a iniciativa “Salvé a Língua de Camões”, realizando a leitura encenada de peças de teatro de outras dramaturgias de língua portuguesa