Podia-se dizer que o natal chegou mais cedo, mas o post punk dispensa essas comparações e quem passou este sábado pelo Hard Club esta muito longe das festividades natalícias.
Mas voltemos ao que interessa que foi a 3ª edição do Post Punk Strikes Back Again que ocupou a sala 2 do hard club durante o final de tarde e a noite de sábado.
A proposta que a At the Rollercoaster apresentava era auspiciosa, trazer 6 bandas ‘post punk’ para uma maratona de 6 horas de música. Esben and the Witch, Nerves, Ist Ist, Okandi, Bragolin e Hotel Lux foram os projectos que marcaram esta edição, acarinhado por um público adulto mas sobretudo exigente como é apanágio dos eventos da promotora do Porto.
Edwin van der Velde e Maria Karssenberg, mais conhecidos por Bragolin, foram os responsáveis pela abertura da maratona. Da Holanda trouxeram o seu dark new age e as canções dos seus dois discos editados, “I Saw Nothing Good So I Left” e “Let Out The Noise Inside”. Influencias do post punk britanico, com algumas pinceladas shoegaze, electronica a recordar os primeiros tempos dos Depeche Mode numa envolvência musical construída com base em camadas, complementada em palco com as guitarras e as teclas do duo de Utrecht. Adam Tristar, que esteve na génese do segundo album da banda, passou pelo palco para dinamizar as canções de “Let Out The Noise Inside”
Tobi O’Kandi com o seu projecto em nome próprio Okandi foi o segundo nome a pisar o palco da sala 2 do Hard Club. Conhecido pelo seu trabalho com O Children, Tobi é um rebelde que transfigura o post punk com influencias rave e spoken word agressivo, debitando a sua raiva em palco com um misto de beats e riffs.
Okandi, a sua aventura a solo deriva pela modernidade construída pela simplicidade em palco e à semelhança dos Bragolin, assente numa pré construção de beats e neste caso de samplers.
Apesar de curto, a sua apresentação seguramente aqueceu a sala para os Nerves, se é que isso foi preciso.
E foram os Nerves a fechar o primeiro acto do Post Punk Strikes Back Again. O nome Nerves traz à memoria os The Nerves, mas o quarteto de Londres que incendiou a sala 2, ainda desponta para a música. Em palco Jack Evans lidera o quarteto, que com a sua curta carreira, a estreia aconteceu em 2018 com o EP “Put A Plaster On It”, conseguem já dinamizar uma legião de fãs que vai despontando, bem espelhado no Hard Club. Se os dois primeiros projectos aliavam a electronica e camadas musicais, os Nerves seguem a linha mais orgânica dos post punk que por vezes de ‘post’ não tem nada. Sem grandes preconceitos, poderiam ser apelidados de punk do post-punk.
Reportagem / Fotografias: Paulo Homem de Melo
