Paisagem Efémera… Refletir sobre o passado e o presente de Riba d’Ave

Riba d’Ave é uma vila indissociável da componente industrial que, durante décadas, permitiu o seu desenvolvimento, numa “revolução” que se deu à escala daquele território. A Fábrica Sampaio Ferreira foi o “átomo” instigador de um fenómeno que perdura na memória coletiva. O que resta depois da falência da indústria? Como ficaram as vidas dos operários? Tendo como ponto de partida um espaço vazio que se projeta para o imaginário, o Teatro da Didascália vai procurar responder a estas questões na sua mais recente criação: Paisagem Efémera – industrial e urbana.

O primeiro ato do projeto vai estrear-se esta quinta-feira, 27 de Maio, às 19h00, e tem como palco o espaço da própria fábrica.

 

Os registos dizem que eram 200 os teares da Fábrica Sampaio Ferreira, a empresa fundada por Narciso Ferreira, em 1896. Foi a primeira empresa têxtil moderna de Vila Nova de Famalicão. O seu marco no território é inquestionável e, mesmo depois de desativada, os ecos do seu legado ainda se fazem sentir por toda a vila: no mercado, no hospital, nas escolas, no cineteatro e até dentro das próprias casas. Na forma como olha para a paisagem industrial e urbana de Riba d’Ave, o Teatro da Didascália procura dar voz aos operários anónimos que permanecem na sombra da história, onde por norma sobressaem apenas os nomes dos grandes empresários.

 

No espaço onde agora impera o silêncio e o vazio vão projetar-se sons de máquinas, personagens e narrativas imaginárias. Bruno Martins (diretor artístico do Teatro da Didascália), António Júlio, Margarida Gonçalves e Rui Souza, criadores e intérpretes do primeiro ato do Paisagem Efémera – industrial e urbana, vão explorar diferentes elementos que compõem o universo industrial, fazendo da antiga fábrica uma página em branco para escrever o presente.

 

Paisagem Efémera – industrial e urbana vai ainda contar com mais dois atos, que vão ser apresentados nos próximos meses. O foco continuará a ser a paisagem do território ribadavense, espaço que o Teatro da Didascália “tomou” como uma “segunda casa” até ao final do ano. Recorde-se que em 2020, a companhia apresentou o projeto Paisagem Efémera – natural e rural, através do qual deu a conhecer a vila de Joane, incitando uma reflexão sobre as suas consequências sociais, políticas e ambientais da transformação daquele território.

 

O primeiro ato de Paisagem Efémera – industrial e urbana pode ser visto quinta e sexta-feira, às 19h00, e no sábado, às 11h00, na Fábrica Sampaio Ferreira (Av. Narciso Ferreira 4765, 4765-202 Riba d’Ave), cuja lotação está limitada a 53 lugares

 

Photo: Paulo Pimenta

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