O exorcismo das canções de Corinne Bailey Rae na Casa da Música

Corinne Bailey Rae acaba de editar o seu novo álbum depois de um interregno de sete anos. “Black Rainbows” é um ambicioso trabalho concetual inspirado nas obras da artista de Chicago Theaster Gates e foi apresentado na noite de domingo, 5 de novembro na Casa da Música.

“Black Rainbows” é um álbum denso que marca um novo rumo na carreira da artista longe dos sucessos do ano de 2006.

Corinne levou-nos até Chicago, a cidade do vento mas também a cidade da cultura. De forma efusiva somos brindados por histórias que antecedem as canções, histórias de objectos, livros e sensações vividas pela britânica no Chicago Theaster Gates, edifício recuperado e que alberga uma parte significativa da cultura pop norte americana.
Ao longo de revistas ou de livros que Corinne Bailey Rae encontrou nesse espaço único, as suas histórias abrangem muito mais do que lhe é apresentado fisicamente. Navega pela cultura pop de um exemplar da revista Life dos anos 50 onde alguns pormenores e apontamentos secundários, levam as suas canções a exorcizar o passado discriminatório da sociedade norte americana.

Somos igualmente levados a conhecer a história passada na América rural do século XIX, de uma escrava de 17 anos que viveu escondida num buraco durante 7 anos a aguardar a sua liberdade, depois de se evadir da quinta onde era dominada pelo “homem branco”.

Mas o Chicago Theaster Gates era muito mais que tristezas e infortúnios, era um espaço de celebração, de liberdade, de homenagem a Frankie Knuckles, transformando a sala 2 da Casa da Música na pista de dança, onde Corinne Bailey Rae, não se inibiu de se integrar junto do público.
No final uma sensação de libertação, de exorcismo, de limpeza de alma, duas horas bem preenchidas de música e muitas histórias. De fora ficaram “aquelas música”… pois Corinne Bailey Rae tinha um fio condutor…. “Black Rainbows

 

🖋 Sandra Pinho

📸 Paulo Homem de Melo

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