O cinema de Cecilia Mangini é o foco da segunda retrospectiva do Doclisboa

Em Outubro o Doclisboa presta homenagem ao cinema de Cecilia Mangini, um dos nomes maiores do documentário em Itália, e dedica uma retrospectiva à obra integral da cineasta, em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, e com o apoio do Instituto Italiano de Cultura de Lisboa.

 

Cineasta italiana falecida no início deste ano, Mangini é um marco incontornável do cinema deste país, sendo uma das mulheres pioneiras na realização de documentários no pós-Guerra.

Nasceu em 1927, em Mola di Bari, no Sul da Itália. Em 1952, iniciou a sua relação com a imagem através da fotografia, mas foi apenas seis anos mais tarde que se deu o seu encontro com o cinema. Manteve-se sempre activa, tendo construído uma filmografia que abarca sete décadas. Desde o início da sua carreira que Cecilia Mangini assumiu uma visão comprometida, atenta e íntima com o indivíduo e com a sociedade. Os seus filmes preservam uma actualidade importante pois exploram temas urgentes, como a condição da mulher, comunidades periféricas e marginalizadas, as raízes do fascismo, a imigração ou a injustiça social. A obra de Mangini é permeada pela poesia e pela beleza mas é, acima de tudo, a história de uma vida dedicada a pensar o cinema como uma ferramenta de resistência.

A retrospectiva incluirá ainda um conjunto de títulos assinados pelo seu marido e também realizador Lino Del Fra, onde a cineasta deixou a sua marca como argumentista ou colaboradora influente.

 

Para assinalar esta retrospectiva, no dia 6 de Agosto, o Doclisboa e a Cinemateca Portuguesa irão apresentar uma sessão de antecipação, com a exibição de Ignoti alla città, Stendalì (Suonano Ancora) e La Canta delle Marane, os três primeiros filmes da cineasta, fruto de uma colaboração com Pier Paolo Pasolini, e que passarão em conjunto com Laokoon & Söhne, a primeira obra de Ulrike Ottinger (realizada a meias com Tabea Blumenschein).

 

A apresentação da obra de Mangini vem juntar-se à já anunciada retrospectiva completa de Ulrike Ottinger, figura ímpar do Novo Cinema Alemão, que irá decorrer no 19º Doclisboa, entre 21 e 31 de Outubro, nas habituais salas da cidade. Nesta edição, o festival voltará ao Museu do Oriente com a realização de uma exposição de fotografias bem como a exibição de dois filmes da cineasta e fotógrafa alemã.

 

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