“Música para Miradouros” é o novo álbum dos PMDS

Já está disponível, em todas as plataformas digitais, o novo longa duração dos PMDS, “Música para Miradouros”. O disco fica também disponível em formato vinil nas plataformas digitais da editora, Marca Pistola. A par da edição, o LP é acompanhado de quatro vídeos e uma coleção de postais com fotografias de Diogo Sousa.

Ao terceiro álbum, os PMDS deixam as ideias, abraçam a prática, e concretizam um namoro já longínquo: assumir a música electrónica que compõem independente de géneros ou de pressões de estilos. No álbum anterior, “Caloura” (Variz, 2021), a preocupação já existia, mas faltava-lhe um eixo de liberdade. Isso é encontrado no método utilizado para gravar “Música Para Miradouros”, obra que combina música, vídeo e imagens postais para assinalar a ideia de paisagens sonoras

O plano: visitar diferentes miradouros da Ilha de São Miguel com diversos equipamentos e registar o que faziam acontecer e ia acontecendo. “Música Para Miradouros” é o resultado de quatro momentos em locais distintos: Castelo Branco, Vale das Lombadas, Pico dos Bodes e Sete Cidades. Vários takes foram gravados em cada passo do processo e, no final, escolheram três que melhor transmitissem a sensação de criar música no local e, também, que espelhasse o uso distinto da maquinaria naquele tempo e espaço. Levaram uma equipa de filmagens (Cactus) para cada miradouro, que registou o local/momento para vídeos que acompanham cada um dos blocos criativos de “Música Para Miradouros”.

Para lá dos esforços, interessam os resultados. Pedro Sousa e Filipe Caetano enfatizam a costela kosmische e as diferentes peças de “Música Para Miradouros” sentem-se como resultado de jams abertas e fluídas, onde não existe a preocupação com uma narrativa de princípio, meio e fim, mas a abertura para o inesperado, o deixar acontecer.

Faz lembrar o que se ouve nas bandas-sonoras que os Popol Vuh criaram para Werner Herzog nos 1970s, a forma como a música aparece – e desaparece – é inesperada e evoca imagens com naturalidade. As imagens são naturais, acompanhadas pela luminosidade do próprio dia. Como se estivéssemos lá. Estas quatro sessões dos PMDS crescem para lá do seu momento.

É neste detalhe que a música dos PMDS se faz, onde deixa de ser expectável que seja uma coisa ou outra, mas onde os sons vão surgindo porque têm de surgir, ou uma batida surge a marcar porque sim, sem a pressão de que “Música Para Miradouros” tem de caber num separador, nem nos lugares onde foi gravada. Faz parte desses lugares, como agora faz parte do imaginário electrónico evolutivo dos PMDS.

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