A última temporada do ano traz a Braga alguns dos nomes que marcam a atualidade internacional da música contemporânea. Michael Gira é um dos maiores nomes do rock avant-garde das últimas quatro décadas. Fundador, vocalista e guitarrista de Swans, banda seminal de art-rock e rock experimental de Nova Iorque, Gira apresentar-se-á no gnration em concerto a 7 de dezembro. Será a primeira digressão a solo do músico em quatro anos. A primeira parte estará entregue ao lendário guitarrista Kristof Hahn, músico avant-garde, conhecido pelo uso da lap-steel guitar e companheiro de longa data de Gira nos Swans.
Outro destaque da próxima temporada é o regresso a Braga de Jenny Hval (na foto), norueguesa que tem vindo a fazer nome tanto como artista como escritora. Multidisciplinar e transgressiva, palavras regularmente utilizadas para descrever a sua arte, definem uma artista que alcança expressão através da música, literatura, arte visual e performance. Depois dos discos “Blood Bitch” e “The Pratice of Love”, regressa aos palcos com o novo disco “Classic Objects”, agora na editora 4AD.
O programa de música para o trimestre out-dez arranca a 20 de outubro com Circuit des Yeux. Com mais de dez anos de carreira, a compositora, multi-instrumentista e cantora Haley Fohr é um nome de valor indiscutível no universo da folk moderna. Situando-se artisticamente entre as canções e a atmosfera de Nico, Diamanda Galás ou Buffy Sainte-Marie, Fohr adiciona-lhe a magia de uma guitarra de 12 cordas e uma assombrosa voz que alcança as quatro oitavas. Em “-io”, o novo e sexto disco da carreira, mote para a passagem por Braga, Haley Fohr apresenta o seu trabalho mais expansivo até à data, capturando emoções demasiado complicadas para serem nomeadas. Os bilhetes custam 9 euros. Seis anos após o lançamento de “Marrow”, terceiro disco que os levou por uma extensa digressão por auditórios, clubes e festivais, os portugueses You Can’t Win, Charlie Brown (YCWCB) regressaram às edições discográficas este ano. “Âmbar” marca um novo capítulo no percurso do sexteto lisboeta, em que as canções escritas são inteiramente cantadas em português. Apresentam-no em Braga a 11 de novembro.
Cantora, compositora, professora, jornalista de formação e investigadora musical, Juçara Marçal é um dos nomes de respeito da música contemporânea brasileira, contando já com uma carreira com mais de vinte anos. Em 2014, Juçara estreou a solo com o aclamado “Encarnado”, disco que contaria com a produção do amigo e colega Kiko Dinucci. Sete anos após, Juçara regressa “Delta Estácio Blues”, disco que a tem colocado nas bocas do mundo. Apresenta-o em Braga a 30 de novembro.
A 10 de dezembro, será a vez da portuguesa Surma apresentar o novo disco, “Alla”, numa estreia em concerto. O segunda longa-duração da autora de “Antwerpen” junta ao seu universo convidados de várias áreas e sensibilidade (da música clássica ao punk, da eletrónica à música do mundo): Pedro Melo Alves, baterista e percussionista, um dos mais promissores nomes do jazz nacional, e João Hasselberg, contrabaixista que colaborou com nomes como João Paulo Esteves da Silva, Luísa Sobral, Júlio Resende ou Salvador Sobral.
Já no programa expositivo, o gnration apresentará duas novas exposições. Ana Guedes, artista nascida em Braga e a residir na Holanda, com uma crescente carreira internacional, apresenta na galeria INL “n.d’edit._128_33_blue_dot_ : 20.0005mhz”, um novo trabalho ao abrigo do programa Scale Travels, que alia arte e nanotecnologia e desenvolvida em parceria com o INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia. A exposição poderá ser vista até 31 de dezembro e tem entrada gratuita. Já na galeria gnration, a associação Sonoscopia apresenta “Disposofónicos: Acumuladores de Objetos Sonantes”, uma exposição constituída por instalações interativas, sonoras e audiovisuais.
Patente de 15 de outubro a 10 de janeiro, com entrada gratuita.
Até ao final do ano, o gnration apresenta mais duas conversas em “Ecotactics”, ciclo de conversas online sobre práticas de investigação ambiental conduzidas e programadas por Margarida Mendes, investigadora hidrossónica, curadora e ambientalista. Centrando-se nas metodologias exploratórias da literacia ambiental, esta série de conversas destaca uma rede de profissionais que têm vindo a experimentar novas abordagens para a investigação ecológica.
Os próximos convidados são Astrida Neimanis, teórica cultural que trabalha na intersecção do feminismo e da mudança ambiental, e Hito Steyerl, professora de cinema e vídeo experimental e cofundadora do Research Center for Proxy Politics na Berlin University of the Arts. As conversas decorrem a 19 de outubro e 16 de novembro, respetivamente, com transmissão em direto nos canais de comunicação do gnration.
Também com foco no online, o ciclo de programação órbita trará mais duas sessões, com novas obras encomendas que estabelecem pontes com o programa presencial do gnration, nos domínios da música, arte e tecnologia. A 12 de outubro, há concerto gravado de Pocus, um novo grupo liderado pelo trompetista João Almeida, que conta com o contrabaixista Gonçalo Almeida e o baterista João Lobo. A 23 de novembro, a continuidade da parceria entre o gnration, Culturgest e Canal180, que se juntaram para criar Jogo Cruzado, onde uma curta-metragem de um artista visual será entregue a um músico para fazer a sua banda sonora e, ao mesmo tempo, uma composição musical será dada a um cineasta para que crie o seu filme. Todas as imagens e músicas são originais e serão estreadas nestas obras. Neste segundo volume, um filme de Jeanette Muñoz será criado a partir de uma composição musical de Odete e o duo Matmos criará uma banda-sonora para um filme de Dicky Bahto.
No programa de dança, o laboratório de transcriação coreográfica Guelra, desenvolvido pela Arte Total, convida o coreógrafo espanhol Javier Martin. “Punto Improprio” será desenvolvido ao longo de uma semana em contexto de residência artística e apresentado ao público a 19 de novembro.
Até ao final do ano, o gnration acolherá ainda a 12ª edição do festival de música eletrónica e arte digital Semibreve, que este ano regressa com as longas noites dedicadas à música de dança. Gabor Lázár, Jana Rush, Bleid, Dj Marfox, Dj Kolt e Xexa, estes três últimos numa noite dedicada à editora Príncipe Discos, são os nomes que constam no programa para as noites de sexta e sábado no gnration.
A fechar o trimestre, a 16 e 17 de dezembro, a sétima edição de Ocupa, perspetiva sobre a música eletrónica e a arte digital em Braga, apresenta concertos, conversas e instalações, onde artistas locais e figuras de referência internacional se cruzam. No programa de concertos, há encontro único entre o produtor britânico Vessel, a violinista indiana Rakhi Singh e o quarteto de cordas bracarense Pluris Ensemble; Coletivo Vandalismo, projeto de improvisação entre Pedro Abrantes e Valdemar Pereira; Gauche, duo de música experimental formado por Gil Fortes e Luciana Melo; e a apresentação final do Clube de Inverno, sessões de exploração e improvisação que este ano têm Moullinex como coordenador no som e Sofia Arriscado na imagem.
