Maus Hábitos… O planeta, esse pequeno quarto multipolar, aqui tão perto

Os obcecados pelas palavras serão aqueles que mais valor dão aos actos, cientes do vazio que os termos possam conter, “no matter” a língua ou o encanto da palavra. “liberdade” é conceito tão sagrado quão cuspido pela boca profética de tiranos… que a “diversidade” tantas vezes é reciclada em perspectivas e contextos de plástico ou que “pluralidade” não falta no léxico de quem mais beneficia da polaridade de ideias. Em Setembro, climax do Verão com cheiro a despedida, o Maus Hábitos abre a temporada e as fronteiras que a pandemia reforçou, com o regresso em força das tournées (inter)continentais que trazem um cardápio heliocêntrico de Concertos a preceito, com a ponte aérea que, via Comédia à Mesa Cockburn’s , liga Gondomar a Pequim, na dicotomia do Podcast à Mesa que confronta gerações, igualmente em osmose no semanal Jazz à Mesa, e nos fins de semana de Clubbing cada vez mais descentralizados do eixo euro-americanos e das suas adaptações ao que temos como “exótico”.

 

Numa viagem que deu o pontapé de saída no Chile (Juani Mustard, 1 de Setembro) e na longínqua Austrália (Eishan Ensemble, 2 de Setembro), Setembro reúne uma agenda fortemente internacional no que às bandas e artistas diz respeito, sem esquecer o que (de bom) também se faz por cá.

Da Nova Zelândia e com algum cabedal na bagagem, os The Cavemen têm o itinerário certo para toda a história que o punk tem escrito nas últimas décadas, trazendo-o ao 4º andar (8 de Setembro) na companhia dos locais (e igualmente marginais) Scatterbrainiac.

Uma noite à moda antiga, seja lá o que isso for, para a qual reserva a tradicional robustez do rock que prontamente cede o lugar à ligeireza das canções de Éme + Moxila, dupla lisboeta sobe a Vila Real (8 de Setembro) e ao Porto (9 de Setembro) falar do quotidiano, da vida quase-adulta e da saudade, na companhia do toque algo infeliz mas honrado de donaranha.

E porque “Monday can be Friday If You Want” daria um óptimo refrão dos Joy Division, a 12 de Setembro começamos a semana com uma das bandas do amanhã, já o diz muita gente por essa Europa fora.

Vindos de Roterdão, os Tramhaus importam o post-punk para a modernidade e para os esteroides com uma pujança nunca antes vista e que promete um concerto super sónico numa Segunda-Feira para mais tarde recordar

 

Voltando aos “double-dates” que ligam o Porto ao Vale de Trás-os-Montes, Tonton Álvaro Sans Ses Beaux Parents invocam a canções francesa para uma tempestade de ritmos e palavras em alerta nos concelhos de Vila Real (14 de Setembro) e no 4º andar da Invicta (15 de Setembro), que na mesma semana recebe um duplo ciclone feminino com o concerto de CATNAPP com abertura ao leme do novo projecto da “nossa” Rita Sampaio, ISA LEEN (16 de Setembro) e o rock dos Dirty Sound Magnet (17 de Setembro).

 

Uma noite feita de beats no escuro, tremores de terra com epicentro nos subwoofers e réplicas na produtora argentina que nos visita com “Trust“, disco que bem personifica a constante mutação  que tem marcado a carreira de CATNAPP, onde rapidamente abandona o 4/4 para dar espaço a ritmos mais difusos e  experimentais.

 

De Buenos Aires para Friburgo, numa viagem a cargo da promotora portuense Distorção, os Dirty Sound Magnet chegam da Suíça com a reputação de melhor banda live daquele pedacinho embutido nos Alpes, e contam com o terceiro e mais recente disco – “DSM III” – como comprovativo de excelência.

 

Dizem que “tudo pode ser rock’n’roll“, mas nem todo o rock tem os ingredientes que os The Twist Connection nos cozinham em palco e no estúdio, onde nos têm deixado de água na boca com o muito aguardado 4º disco da banda coimbrense.

Uma iguaria que nos darão a provar a 22 de Setembro, antes de cederem o prato às especiarias ninja de “Olhos de Cetim“.

Discutindo-se ou não que o gosto é algo subjectivo, talvez não o seja o suficiente para negar que o disco de estreia de Fumo Ninja foi uma das surpresas do ano e a prova (mais uma) de como a pop também pode experimentar e abandonar as paredes que normalmente lhe servem de casulo.

Uma simbiose perfeita e ao alcance de poucos, como “poucos” serão como Norberto Lobo (baixo) Leonor Arnaut (voz) Raquel Pimpão (teclas) e Ricardo Martins (bateria), que chegam a 23 de Setembro.

 

Para acabar o mês em beleza, de mãos dadas com o “gosto”  – qual incesto? – e tornando a furar a fronteira, o último fôlego de Setembro traz o concerto do catalão Alex Silva com a transcrição electrónica que faz de toda uma vida baseada no punk (29 de Setembro) antes de fechar a dica com a 3ª edição do Havana Beat, com concertos de Eva Rap Diva e $tag One, contando ainda com os dj sets de Slimcutz e Veelain. (30 de Setembro)

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