Estreou-se em 2018 no Teatro Municipal Joaquim Benite, numa produção da Companhia de Teatro de Almada (CTA). Depois de ter sido considerado pela revista Time Out como um dos melhores espetáculos desse ano, Mártir vai apresentar-se pela primeira vez na cidade do Porto, subindo ao palco do Teatro Carlos Alberto (TeCA) para duas récitas, a 17 e 18 de outubro.
Da autoria de Marius Von Mayenburg, Mártir conta com encenação de Rodrigo Francisco, diretor artístico da CTA, e explora as causas e os perigos do fundamentalismo religioso e político.
“Achava completamente hipócrita a forma como as pessoas na Europa Ocidental apresentavam com orgulho a nossa sociedade como estando assente em ‘valores cristãos’”. As palavras são do dramaturgo alemão, referindo-se ao debate sobre o fundamentalismo islâmico que em 2012 dividia a sociedade alemã e que deu origem a Mártir. De forma a confrontar e complexificar as causas do radicalismo político e religioso, o “mártir” criado por Marius Von Mayenburg chama-se Benjamim. A personagem, altamente simbólica e cujo nome remete para a figura bíblica, é um fundamentalista cristão.
Fazendo uma interpretação literal dos ditames bíblicos, o jovem – interpretado por Vicente Wallenstein – começa a defender pensamentos radicais, ao fazer greve às aulas de natação, como forma de protesto contra a falta de pudor dos biquínis usados pelas suas colegas, ou opondo-se aos ensinamentos da sua professora de biologia, quando esta aborda a teoria da evolução de Darwin. Interpretada por Ana Cris, a personagem da professora de biologia valeu-lhe o prémio de Melhor Atriz 2018, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores.
Com um elenco que se completa com nomes como André Albuquerque, Inês de Castro, Ivo Marçal, João Cabral, Pedro Walter e Tânia Guerreiro, o espetáculo Mártir pode ser visto no TeCA no sábado, às 21h00, e no domingo, às 16h00
Photo: Rui Carlos Mateus
