Mara Pedro… “TIC-TAC”… uma questão de fazer o tempo acontecer!

TIC-TAC” fala do tempo, um tempo para crescer, para amadurecer e perceber as escolhas que a vida foi exigindo à fadista, que desde muito jovem se deparou com duas estradas paralelas, onde a velocidade e o tempo a percorrer se foram estreitando, fundindo-se numa única via, por uma única condutora, Mara Pedro.

 

Fadista e estudante de Medicina Dentária, desde cedo percebeu o valor do tempo, o tempo que dá e tira, vai e vem, como o mar que bate na areia, acreditando sempre, que não precisa de escolher um só caminho, que deseja ficar com o que o tempo lhe der e permitir fazer. Esta é a sua mensagem: “Podemos ser o que nos propusermos ser”. Criou uma capacidade de se abstrair do que não quer, conseguindo focar-se no que deseja, mesmo não sendo no tempo certo. Se tiver de estudar horas antes dos concertos, ou mesmo depois deles, entra e sai de palco, apresentando o mesmo profissionalismo e aquele sorriso que a caracteriza.

 

Após 3 álbuns editados e inúmeros concertos por vários países (Espanha, França, Lituânia, Suíça, Alemanha, América, Canadá e Brasil) Mara Pedro conheceu outras culturas, ouviu outras histórias e foi construindo a sua, escrevendo durante as longas viagens de avião. “TIC-TAC” foi assim construído, como um diário de bordo, onde escreveu o que foi vivenciando e sentindo, desfrutando de um tempo que era só seu.

O mestre Custódio Castelo, seu grande amigo e produtor teria que fortalecer esse projeto, com a sua capacidade de perceber, o que a Mara queria dizer nos seus poemas.

Foi um processo difícil e nas suas palavras mais ternas o Mestre dizia: “A Mara ainda não sabe o que quer, mas sabe muito bem o que não quer.” E, depois de horas indeterminadas, de avanços e recuos, onde o cansaço do corpo era ultrapassado pela vontade de ouvir o resultado, mesmo nos momentos de exaustão, Mara nunca se deixou vencer pelo cansaço e, lá estava o mestre: “Querida, queres parar?” – e do outro lado vinha a resposta: “Não, bora lá com isto

 

O álbum traz a sonoridade de um “TIC-TAC” e a nostalgia do Fado Malhoa, passando por uma morna encantadora, em jeito de um Suave Medo e a força de construir um caminho mesmo quando o Rio Corre Ao Contrário.

 

A fadista tinha 9 anos quando conseguiu conquistar 3 prémios: melhor letra, melhor música e melhor interpretação. Como uma recordação de menina o Tema POVO INTEMPORAL fecha assim o seu álbum. A possibilidade de ter mais vidas que os gatos, podermos seguir vários caminhos em simultâneo e, sermos o que nos propomos ser, é a sua mensagem, tudo numa fração de segundo de um “TIC- TAC”

 

A menina de Viseu, longe do meio do fado, tem na voz um destino que contará uma história.

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