Há mais nomes para memorizar no alinhamento do Tremor 2018 que, entre os dias 20 e 24 de Março, volta a agitar São Miguel com música, performance, conversas e cruzamentos artísticos. Do regresso dos Três Tristes Tigres às estreias de Snapped Ankles, Zulu Zulu e Tír na Gnod, dos açorianos Goldshake, Fugitivo e DJ Milhafre aos primeiros nomes de clubbing, são 15 as novidades anunciadas agora para esta quinta edição do festival.
Depois da reunião a convite do Teatro Rivoli e do ciclo de concertos que cortou o afastamento de treze anos dos palcos, os Três Tristes Tigres chegam aos Açores, em Março, para aquela que será uma das raras oportunidades de os ver ao vivo este ano. Autores de alguma da mais intemporal música, a dupla Ana Deus e Alexandre Soares há muito que conquistou um lugar no pódio do imaginário cultural português. Da palavra cantada à dita, dos projectos a solo à continuidade de colaboração em Osso Vaidoso, os autores de “O Mundo a Meus Pés” são, por mérito próprio, dois dos mais criativos autores nacionais da última década, na música e nas fronteiras de cruzamentos desta com a dança, o teatro ou a literatura. Da intemporalidade à actualidade da música nacional, segundo avanço no cartaz para Bleid, produtora lisboeta que, aos 23 anos, é um dos mais interessantes nomes da nova geração da música electrónica. Fã de metal desde os 11, estudou composição clássica e, ao contrário do que seria de esperar, nunca foi fã de clubbing. Com o disco homónimo, editado na recta final de 2017, desconstrói os universos da música de dança com incursões pelo noise e a música experimental dos anos 80.
É também por paisagens distantes das suas origens que surgem os Zulu Zulu, trio espanhol, que parte de Maiorca para África. Ritmos ancestrais, melodias luminosas, dialectos inventados e nuances psicadélicas fazem de Defensa Zebra um registo que transcende fronteiras de género e espaço. Em palco, a música transcende em performance através do trabalho da cenógrafa Victoria Gil e do artista plástico JuMu. Um cruzamento artístico que se encontra também nos Snapped Ankles, colectivo ligado ao Stoke Newington’s Total Refreshment Centre, estrutura que alimenta a nova geração de criadores do underground londrino. Cresceram por entre festas em armazéns onde várias disciplinas artísticas se cruzam, musicando, ao vivo, instalações e filmes. Daí que em “Come Play The Trees”, disco de estreia, materializem a criatividade de uma geração de artistas que se nega à normalização sonora e artística da urbe e se assumam, ainda que de forma não consciente, como os representantes mais visíveis do sangue criativo independente que (ainda) corre nas veias de uma cidade a braços com a gentrificação.
A lista de destaques encerra com uma palavra especial para Tír na Gnod, versão duo dos Gnod com Paddy Shine e Marlene Ribeiro, de um colectivo de artistas que pela constante mutação e que movido à ideia se faz esquivar a géneros e estilos de disco para disco. São eles os autores 2018 do Tremor Todo-o-Terreno, uma composição para ser ouvida durante uma caminhada por um trilho pedestre na natureza mágica de São Miguel, que se completa ao vivo, no fim do respectivo trilho.
Os novos nomes para a 5.ª edição do Tremor, juntam-se ainda: a Sumba de Tó Trips e João Doce; o transe cinético de melodias texturadas e abstractas de Paisiel; o saxofone digressivo de Julius Gabriel; a graça e virtuosismo da viola d’arco de José Valente; e a aposta contínua do Tremor na emergência do hip hop açoriano com Fugitivo e Goldshake. Já a festa fica assegurada por La Flama Blanca, D. WattsRiot, Victor Torpedo Karaoke e DJ Milhafre.