“Lista De Reprodução” é uma ode ao modernismo musical

VULTO. e L-ALI juntaram-se pela primeira vez em Surrealismo Xpto. Se há quatro anos olhávamos para eles como uma das duplas mais promissores no panorama nacional do hip hop, hoje podemos afirmar com toda a certeza que são um dos casos de maior irreverência no segmento alternativo da cultura urbana, que junta os ensinamentos de Bambaataa à inexistência de limites que a música electrónica oferece aos seus praticantes.

Tudo isto é implícito em “Lista De Reprodução”: um conjunto de sete faixas “sem grandes regras,” conforme admite a dupla. VULTO. voltou a receber L-ALI no seu laboratório após Café – que, em 2016, serviu para dar arranque ao catálogo digital de Colónia Calúnia – e, juntos, puseram em prática uma nova série de experiências digitais, sempre com o intuito de inovar, face ao que o mercado actualmente proporciona aos mais ávidos devoradores de rimas e batidas.

Tou no mesmo estúdio, a mesma conta rota, mesmo rumo, só mudou como eu vejo a coisa,” rima L-ALI no arranque de “Selo”. A visão do MC e do seu produtor foram cruciais para concluir qual o trilho a seguir neste terceiro projecto conjunto. Se L-ALI abre agora o livro dos flows e tece uma dissertação sobre as mais inovadoras formas de ritmar palavreados, VULTO. sai definitivamente da sua própria sombra para se exibir no auge da sua corrosão melódica, assinando a sua mais consistente obra até à data.

Demasiado rap para que se possa considerar descendente da mesma linhagem artística de James Blake, abundantemente futurista para ser colocado na mesma prateleira de discos de Mf Doom. “Lista De Reprodução” é uma ode ao modernismo musical, repleto de batidas paranóicas assentes em graves pujantes e rimas que apontam ao mais insano dos pensamentos que pairam na cabeça de um MC.

 

Lista De Reprodução” está disponível em todas as plataformas

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