Knok Knok… o novo projecto de Armando Teixeira

Knok Knok. Quem é? É um som que atravessa o passado até ao presente para se projectar num futuro possível.

É importante referir que para lá dos suportes digitais habituais e obrigatórios nos dias que correm, este novo álbum dos Knok Knok está igualmente disponível em cassete no facebook da banda. E faz pleno sentido que assim seja: as micro-partículas metálicas que se reordenam na fita analógica perante os impulsos magnéticos eléctricos da cabeça de gravação correspondem certamente à melhor maneira de fixar esta música criada com artefactos da Roland e da Moog, da Korg, da Buchla e da Oberheim, da Yamaha e da Sequential Circuits, nomes mais ou menos exóticos que designam fabricantes de instrumentos electrónicos, mas que bem poderiam encontrar-se em logos estampados nas cabines de naves espaciais, tal o poder evocativo que carregam.

 

Ao longo de 14 temas divididos simetricamente por 2 lados de uma cassete que se estende tanto no tempo como um LP (e bem que este som também faria sentido em vinil…), os Knok Knok recuperam para o presente o pulsar metronómico do Krautrock, mas também se alinham com as experiências electrónicas pioneiras que etiquetas como a Finders Keepers têm vindo a relançar. Mas a proeza dos Knok Knok é não se limitarem a evocar o passado, conseguindo uma sintonia com um particular presente que projectos como Ekoplekz ou, por exemplo, Pye Corner Audio e o que certas editoras como a Ghost Box têm vindo a explorar: um particular ponto de intersecção entre o kraut e o techno, as pioneiras experiências do Radiophonic Workshop, a synth scene experimental dos anos 80 que derivou da new age, o synth pop mais aventureiro de projectos como os Yello ou Yellow Magic Orchestra, etc.

As peças desenvolvidas por Armando Teixeira têm sempre – qualquer que seja o contexto, Bulllet ou Balla são exemplos possíveis – uma dimensão pop, adivinhável nas melodias transparentes e nos arranjos escorreitos, mas mergulhado na sua panóplia de teclados vintage, o produtor consegue igualmente explorar uma mais funda vertente experimental que neste caso passa pela procura de novas texturas, de novos sons e combinações de pulsares, estratégia própria de quem vê no estúdio, na mesa de mistura, as mesmas possibilidades que um cientista encontra no laboratório – uma forma de descobrir novos mundos através de uma postura inquisitiva.

Igualmente importante aqui é o diálogo entre Armando Teixeira e Duarte Cabaça, com a base rítmica fornecida pelo baterista que bem conhece as derivas motorik do kraut e entende que o que importa são os desenhos rítmicos angulares de grande precisão a servirem para que os teclados pintem abstractos quadros que títulos como “Vapor”, “Casa de Papel”, “Roda” ou “Acrílico Azul” não esclarecem, antes servem como estímulos para orientar a nossa imaginação.
O disco está disponivel dia 11 de Maio em todas as plataformas digitais.

photo: Paulo Romão Brás

 

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