Kamaal William… e a arte de fazer música

Kamaal Williams é o mais recente projeto liderado pelo artista do Sul de Londres, Henry Wu. Wu lançou um álbum de referência para o jazz britânico com “The Return”, em 2016. Se “Aurora” abriu as portas da envolvência musical, Kamaal Williams deu uma lição de como se faz música.

 

O jazz, sempre esse legado, como base no quarteto que ocupou o palco do Theatro Circo no primeiro dia do Festival Para Gente Sentada, marcou a música que Kamaal Williams foi destilando em ritmos crescentes ao longo da noite.

 

Uma das novas virtudes do chamado novo jazz, Kamaal Williams, ou melhor Henry Wu é muito mais que um maestro em palco. Henry Wu é simplesmente um génio atrás de 4 teclados debitando um conjunto de beats absorvidos pela magia do saxofone de Mansur Brown e do baixo do Brasileiro Pete Martin, em contraponto com a bateria desenfreada de Joshua McKenzie.

 

Musica sem sentido, caótica mas organizado com uma mestria de quem ao longo do concerto, e não sendo repetitivo dá uma verdadeira aula de música. Se os teclados são fundamentais na música de Kamaal Williams, o baixo fala com o público na ausência de voz.

 

Como um choque frontal, o saxofone envolve-se de uma forma precipitada e anárquica sobre o público. Será que Kamaal Williams ensina-nos a transportar a anarquia para a música?

Talvez a anarquia musical em palco seja fruto dessa mestria e aprendizagem adquirida enquanto Henry Wu.

Talvez a verdadeira música seja uma anarquia, ou ‘quiça’, uma orgia de instrumentos sobrepondo-se insaciavelmente uns aos outros, numa tentativa de glorificação sonora. Em resumo Kamaal Williams é um composto anárquico sonoro com mestria de gênio e pinceladas de aprendiz.

Lições como está venham mais vezes, pois estamos aqui para levar com os choques sonoros que este quarteto de loucos, mas génios, encarregou-se de distribuir na noite de abertura do Festival Para Gente Sentada.

Ficamos sentados, mas a vontade do público era acompanhar de modo anárquico a orgia sonora que se ia despindo, nem que fosse em coro, em modo (muito) desafinado.

 

Reportagem e Fotografias: Paulo Homem de Melo 

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