Foi a investigação e o envolvimento com as protagonistas que levaram a autora a reler e reouvir um conjunto de letras e de ideias transmitido nestes anos que não estavam relatadas nem no discurso público sobre este domínio das música e cultura populares nem no campo científico dedicado ao estudo deste universo cultural. Este momento inicial de afirmação do RAP nas cultura e sociedade portuguesas ficou também marcado por um conjunto de outras desigualdades, a subvalorização e a não inscrição desses assuntos relatados nos repertórios e discursos falados das primeiras rappers, como a violência com base no género e o sexismo, motivou este livro.
Por outro lado, a obra traz-nos uma abordagem nova ao rever os itinerários socioculturais dos primeiros rappers e depreendendo as suas contradições e paradoxos.
A obra mostra-nos como o RAP se transformou, na sua primeira década de afirmação, entre tensões e aspirações dos principais rostos, num período histórico marcado pelo cavaquismo, uma das práticas musicais de matriz urbana que, ironicamente, se tornou um produto daquilo que censurou: o modus operandi das indústrias musicais e de publicação e do contexto social e económico em questão.
O novo livro de Soraia Simões é lançado a 26 de Setembro no LARGO Café Estúdio; e em Coimbra a 3 de Outubro, no Café TAGV.
Ambas as sessões, de uma hora, terão início às 18:00.