Filme palestiniano “Foragers” recebe Prémio Melhor Longa Metragem na 10ª edição do Olhares do Mediterrâneo

Foram esta tarde, dia 12 de novembro, conhecidos os filmes vencedores da 10ª edição do Festival Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival, iniciativa que tem como missão divulgar o cinema feito por mulheres oriundas de países do Mediterrâneo, e que começou na passada quinta-feira, dia 9 de novembro.

 

Foragers, de Jumana Manna, uma obra palestiniana, que se situa entre o documentário e a ficção para retratar a tensão entre a Autoridade Israelita de Proteção da Natureza e os respigadores palestinos, recebeu o Prémio de Melhor Longa-Metragem. “Embora este difícil período espalhe uma luz maior sobre o que está a acontecer na Palestina, podendo achar-se por isso natural a decisão do júri, o filme Foragers tem uma personalidade fortíssima, destacando-se pela sua narrativa inquietante de resiliência, mostrando a opressão até sobre a cultura – algo que nos parece indestrutível. Ainda que a situação política e humanitária na Palestina fosse diferente, a decisão das três mulheres do júri, de três zonas do mundo diferentes, seria a mesma. A visão de Jumana Manna e a generosidade com que partilha connosco as pessoas, o território, a luta pela pertença e a disponibilidade para qualquer sacrifício, numa narrativa calma, mas inquietante, levam-nos a premiar esta obra como a Melhor Longa Metragem do Festival Olhares do Mediterrâneo.” justifica assim o júri desta categoria composto pela cineasta Amal Ramsis, a realizadora e antropóloga Amaya Sumpsi e Irina Pampim Silva, socióloga e realizadora.

 

Este filme, que também integrava a secção Travessias, composta por filmes que abordam temas como migrações, racismo e colonialismo enquanto elementos estruturais da sociedade, recebeu ainda uma Menção Honrosa nesta categoria. Nesta secção, o júri composto por Graça Corrêa, Lídia Mello e Irene Aparício atribuiu o Prémio ao filme The Wedding Parade, uma primeira obra da realizadora síria Sevinaz Evdike, “por ser um filme de resistência política, um filme de travessias humanas e geográficas sobre histórias de vida do povo curdo do norte da Síria”.

 

A curta espanhola Carmen, No Fear of freedom da realizadora Irene Baqué recebeu o Prémio de Melhor Curta-Metragem pelas mãos do júri composto por Candela Varas, diretora e programadora, Giulia di Rocco, investigadora e programadora e Inês Bernardo, jornalista e cofundadora do Cineclube de Alvalade. O júri distinguiu este filme por se ter “destacado claramente pelo tratamento das suas figuras centrais – um poderoso colectivo de mulheres ciganas – e pelo efeito de empoderamento que o filme capta, ao revelar a luta feminista das mulheres ciganas, desconstruindo estereótipos e dando voz a mulheres marginalizadas” e atribui ainda uma Menção Honrosa ao filme Chords, de Estibaliz Urresola Solaguren.

 

 

 

Na Categoria Começar a Olhar, dedicado a filmes de escola, o galardão foi para o documentário italiano Once Again de Giulia Di Maggio. O júri composto por Ana Isabel Soares, Leonardo António e Lígia Maciel Ferraz considerou que “este belíssimo exercício acerca do enquadramento enquanto forma narrativa consubstancia um modo de olhar para uma paisagem mediterrânica.” O júri atribui ainda uma Menção Honrosa a The Sun Sets On Beirut, uma coprodução entre Líbano e Reino Unido, realizada por Daniela Stephan.

 

O Prémio Inatel foi entregue a Dentu Zona, obra portuguesa filmada na Cova da Moura e realizada por Eliana Caleia. Segundo o júri, “o documentário opta por uma forma arrojada de narrar, cingindo-se quase exclusivamente às imagens visuais, descartando vozes off ou outras verbalizações. O estilo e a atitude que o filme sublinha, marcados pela expressão cabo-verdiana “bazofo”, revelam-se através do olhar interessado nos gestos de Vítor Sanchez e no seu ambiente de trabalho: um atelier de serigrafia, uma loja de roupas sustentáveis, uma livraria e uma biblioteca. Filmar este projeto social da Cova da Moura equivale a expandir a cultura de Cabo Verde presente em Lisboa e a enaltecer o espírito de comunidade característico da Dentu Zona.”

 

O público desta edição do Festival foi também chamado a votar, tendo sido a longa-metragema longa-metragem a longa-metragem The Matchmaker, de Benedetta Argentieri  e a curta-metragem Serigne, de Adriana Cardoso, Rodrigo Hernández, Edu Marín as obras mais votadas.

 

O Festival Olhares do Mediterrâneo continua até ao dia 16 de novembro com a retrospetiva ao cinema turco realizado por mulheres, na Cinemateca Portuguesa, Goethe-Institut e ISCTE-UIL.

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