Fashion Talks #1

As Fashion Talks são conversas informais onde se fala sobretudo de moda, mas não excluindo outros temas mais abrangentes do Glam da Cultura Pop.
A primeira convidada das Fashion Talks é Beatriz Moreira. Tem 21 anos, é estudante de design e marketing de moda na Universidade do Minho e está no último ano a preparar o trabalho final de curso.

Glam: O que é que te levou a seguir o mundo da Moda?

Beatriz: Desde nova estive ligada ao mundo das artes… e moda porquê… tenho uma tia estilista, a minha avô tem uma retrosaria e desde cedo comecei a ter algum contacto com as maquinas e a curiosidade em perceber como se montava uma peça, e comecei a investigar isso com a ajuda delas bem como querer fazer algo diferente, ver conjuntos e combinações diferentes e querer explorar isso acaba por ser isso que me moveu para o mundo da moda.

Glam: Quais são as aspirações que tens neste mundo da moda?

Beatriz: Como todos os designers a grande ambição é criar uma marca com um nome próprio e ter reconhecimento não só aqui mas principalmente lá fora e sobretudo marcar a diferença no mundo da moda

 

 

Glam: Qual a peça que gostavas de desenhar e fosse reconhecida por todos?

Beatriz: Acima de tudo não seria uma peça mas sim uma linha, uma colecção, a marca a linguagem, os designers, os cortes, combinação de padrões ou materiais não teria que ser necessariamente a “peça

Glam: Num mundo cada vez mais global como vês a presença da moda Portuguesa nesse mesmo mundo global?

Beatriz: Com a globalização perde-se um bocadinho a identificação de cada país e as características de origem de cada um porque tenta-se produzir sempre uma linha que vá de encontro e que possa agradar a um máximo de publico possível

Glam: Achas que a moda Portuguesa consegue cada vez mais ocupar o seu espaço a nivel internacional?

Beatriz: Sim sim sim… Miguel Viera ainda à pouco tempo conseguiu isso, pois cada vez existe mais o reconhecimento, porque nós temos uma grande componente têxtil que não existe em mais nenhum pais da Europa, mesmo os estilistas internacionais tendem a procurar Portugal em termos de materiais e tecnologia a nível de materiais, principalmente no Norte e é interessante ver como nós conseguimos marcar a diferença nessa área. É uma componente muito forte igualmente no meu curso que é essa preocupação e formação a nível têxtil em design de moda

Glam: A estudar em Guimarães, estas no zona do pais onde exite muita industria têxtil principalmente a produzir para o mercado externo. Como estudante como vês a possibilidade de ‘passar’ por algumas dessas empresas?

Beatriz: Estando no terceiro ano, finalmente temos que desenvolver a colecção, é em grupo mas temos que apresentar uma colecção, e no nosso casa acabamos por não custos com os materiais, temos algumas empresas que patrocinam e estabelecem parcerias e no caso da nossa colecção que tem como principal objectivo a sustentabilidade procuramos restos de colecções, mesmo com esse principio de ser um resto, queremos aproveitar tudo o que podemos o que resultou nessas parcerias que foram muito bem recebidas por as empresas da região.

Glam: Falas-te na Sustentabilidade… É essencial hoje em dia na moda?

Beatriz: Sim completamente… cada vez mais pois a moda é uma area muito complexa. Passa para alem do querer vestir bem, de parecer isto ou aquilo, temos que começar a nos preocupar com o ‘fim’ da roupa, o ciclo de vida da roupa e assiste-se muito a essa recolha de roupa por parte das lojas para reciclar mas ainda é um projecto muito no inicio, pois não há grande futuro para essas peças que são recolhidas, mas é uma preocupação que cada vez tem que se ter mais não só para as empresas mas também para os consumidores

Glam: Presumo que a nível de curso tenham focado bastante essa área…

Beatriz: Sim Sim… grande parte dos projectos tem sempre essa questão no “brieing” que tem que ser um projecto sustentável em que essa componente é muito importante e a educação nesse sentido é fundamental.

Glam: Quem é a Beatriz enquanto consumidora de moda?

Beatriz: Tento evitar grandes consumos em lojas de grande dimensão comercial, compro muito roupa usada, roupa de tias e familiares e cada vez mais tento comprar roupa de design, peças únicas, por exemplo a nível de sapatos já comecei nessa vertente, são mais caros mas é para comprar menos e durar mais, pois são â partida melhores para alem do design interessante que acabam por ter como por exemplo tenho comprado Filipe Sousa. Comprar peças de design igualmente para apoiar e num futuro sermos apoiados

Glam: Presumo que não sejas simpatizante da chamada “Fast fashion”…

Beatriz: É verdade… tenho comprado alguma coisa na Zara, mas tenho gradualmente vindo a reduzir mas de resto é evitar ao máximo, pois essa “fast fashion” acaba por deixar de ser moda pois toda a gente veste o mesmo, sendo que muitas vezes e no caso da Zara a imitação comercial de grandes marcas, não existe muito de inovador nos artigos e estou a falar da Zara que onde eu consumo mais dentro desse nível, mas existem outras marcas semelhantes. Cada vez mais a originalidade é importante.

Glam: Como consumidora como assiste à chamada “ameaça chinesa” no têxtil?

Beatriz: Desde que comecei a estudar moda cada vez mais observo as etiquetas, a qualidade do material, o toque do material, a composição da peça, tudo isso tem muito tanto ou mais importância que o design. A peça até pode ser bonita, acontece as vezes olhar principalmente online e depois ir à loja, toco na peça e ‘a coisa acaba ali’, deixa de ser interessante. Como por magia o interesse perde-se naquele momento pois o toque do material também é muito importante

Glam: Achas que um dia Portugal pode concorrer com uma França ou Italia?

Beatriz: O grande problema é o pouco poder de produção nacional, mas sim podemos evoluir e alcançar esses 2 países, basta que a procura aumente e as empresas invistam, mas acho que sim. Já fazemos competição com a Italia a nível de sapatos, porque não ir mais longe…

Glam: Um sonho que a Beatriz tenha…

Beatriz: Um sonho… ter sucesso na carreira, não é ser famosa mas ser reconhecida, principalmente o eu como marca, as minhas peça, a minha linha… a linguagem da marca.

Glam: Se recebesses um convite do Portugal Fashion ou ModaLisboa para desfilar nos novos criadores? Como encaravas?

Beatriz: aceitaria com todo o gosto…

Glam: Achas que eras capaz de marcar a diferença?

Beatriz: Não sei mas tentaria com base daquilo que gosto e acredito mostrar uma linha diferente, e quem sabe… O sucesso é o público que tem de ditar

Glam: Designer / Estilista Favorito?

Beatriz: Definitivamente Ricardo Andrez

Glam: Modelo Favorito?

Beatriz: Caroline Smith

Glam: Uma frase que queiras deixar…

Beatriz: Procurar ser diferente porque… ir copiar algo a qualquer lado não tem interesse. Uma coisa é inspiração e outra é copiar e infelizmente isso é muito normal na moda e não só, como por exemplo em layouts de catálogos… mas sim ir sempre atrás do que se gosta.

Glam: Vês a moda como uma realização pessoal?

Beatriz: Sim… é isso, bem como uma forma de expressão

Glam: A escola do visual de hoje…

Beatriz: Camisola: Zara, Casaco: Vintage (usado), Calças: Manuela Vieira / vintage (usado), Sapatos: Zara, Mala: Bimba Y Lola, Óculos: Ray Ban / Vintage

Entrevista / Reportagem: Paulo Homem de Melo
Fotografias: Paulo Homem de Melo

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