Fabia Maia de regresso com “Vibe Certa” e “My Baby”

Ela tem, sabe bem quem já a ouviu, a vibe certa: a voz é doce, mas segura e carregada de nuances, singular, com carácter. A sua entrega denota igualmente experiência, mas nunca arrogância, e até uma certa humildade, própria de quem não toma nada como certo. E tudo nela é honesto e transparente. Chama-se Fábia Maia, assim mesmo, sem ângulos artísticos ou comerciais. E a sua cara, o seu corpo, a sua presença, são o resultado da vida. E de zero calculismo.

Há uns meses, sem que nada o fizesse prever, Fábia reclamou o seu lugar neste agitado presente impondo “A Vibe Certa”. A canção, e sobretudo o vídeo, funcionam como um manifesto. É que Fábia começou por dar nas vistas, em singelos vídeos no YouTube, com versões feitas à guitarra para temas de Allen Halloween, Valete ou Regula. Uma mulher que agarrou em canções de homens e as fez suas, sem pedir licença. Os vídeos no Youtube valeram-lhe um convite para o primeiro Festival Rimas e Batidas, em finais de 2015, tendo-se apresentado no Cinema São Jorge no mesmo cartaz que também acolheu as estreias (ou quase estreias) de gente como ProfJam. Mike El Nite ou Slow J.

Nos anos que se seguiram, Fábia, basicamente, tropeçou na indústria: trabalhou com Jimmy P, foi muito solicitada, mas a sua voz não estava propriamente à venda e acabou por não se conseguir encaixar nas ideias que outros tinham para a sua carreira, para a sua postura e para a sua voz. Lançou o EP “Melodia-me”, mas nada aconteceu. Foi por isso em busca da sua vibe. Da vibe certa. Em dezembro último reapresentou-se. Sobre instrumental de Iuri Rio Branco, produtor brasileiro com quem está agora a colaborar nesta nova fase, Fábia criou a sua própria visão. Nasceu assim “A Vibe Certa”.

No vídeo, Fábia afirma igualmente a sua orientação sexual, mostrando-se com o rosto, o corpo, a voz e a atitude sem filtros que quer para si. E agora, apresenta-nos “My Baby”. Explica Fábia: “Escrevi esta canção para uma ex-namorada e fala do que eu não vejo uma mulher ser, daquilo que eu não quero para mim.”

Num momento de luta por liberdades, de conquista do direito à diferença, a música de Fábia Maia é um testemunho de força, de coragem e de avanço em direção a uma sociedade mais inclusiva e mais justa. Canções assim podem parecer ser simplesmente de amor, e até são, mas são também mais do que isso.

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