EVOLS… “III” chega hoje a todas as plataformas digitais

Está aí “III”, o novo longa-duração dos Evols. Com edição Revolve, o disco está disponível para escuta em todas as plataformas digitais e, para compra em vinil ou cd, no site da editora, com um pacote especial de lançamento.

O catolicismo ensina-nos que Deus se divide em três – o Pai, o Filho e o Espírito Santo –, e os seus dogmas foram conferindo, ao longo da história, a esse número uma qualidade supersticiosa, mágica, auxiliada também pelo evangelho: três reis magos, três vezes o galo canta, três vezes o diabo tenta, três dias demora Cristo a regressar da morte. Três, também, o número de músicos que fundou os Evols em 2008: França Gomes, Carlos Lobo e Vítor Santos. Tudo por uma questão de fé. Neste caso em particular, a fé nas possibilidades teológicas que se escondem dentro das guitarras eléctricas (seis cordas, um três duplo). A um primeiro álbum, editado em 2010, suceder-se-iam actuações em várias salas e festivais de renome (a Casa da Música e o Milhões de Festa à cabeça), antes de “II” acrescentar mais uns quantos versículos ao seu livro, e mais dois membros à sua denominação, em 2015.

 

“III”, ou três, ou a prova de que a religião existe mesmo que o mundo se construa de ateus, traz consigo os sons de novas boas novas. Falar de maturidade ou crescimento seria, talvez, prestar-lhes um desserviço: os Evols souberam sempre muito bem o que queriam fazer, e quando o queriam fazer, e como o queriam fazer, não se desviando por um milímetro do seu caminho particular. Encontramos a certeza de que as suas interpretações do divino se mantêm imaculadas quando, à terceira (!) canção, uma explosão de percussão impele White Lady rumo a territórios celestes: parusia profetizada e consumada, de encher o coração aos fiéis do psicadelismo. É o grande sinal que aparece no céu depois de ‘Cops’ nos pegar pelas mãos, guiando-nos até lugares que nunca conheceríamos, se não fosse pelo enorme trabalho dos Evols enquanto missionários do rock n’ roll.

 

Falando ainda de ritmo (o elemento primordial da vida em música, o bater de um coração), encontramos em “III” a tese infalível na qual Lutero não pensou, mas que os seus camaradas de sangue germânico – Liebezeit ou Dinger à cabeça – tão bem ensinaram ao mundo nos eternos anos 60: o pulsar metronómico que nos convida à peregrinação, galopando sobre dezenas de nuvens das mais variadas cores. Os Evols, cientes da sua posição, ensinam-nas como se as estivéssemos a ver pela primeira vez, como se uma faísca pegasse fogo à alma e lhe mostrasse (e a alma, ao contrário da sabedoria popular, é de facto o espelho dos olhos) o que existe além do preto, do branco e do inóspito cinzento. Acreditar é viver, e tudo o resto será blasfémia. Podemos ouvir um amén?

 

Actualmente os Evols são Vitor Santos, França Gomes, Carlos Lobo, Rafael Ferreira, André Simão e Sérgio de Bastos. “III” foi gravado e misturado pela banda e teve a participação de Jorge Queijo (Ensemble Gamelão, OtrotortO, Os Príncipes) e Pedro Oliveira (Krake, Peixe:Avião, Dear Telephone e OZO) na bateria.

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