Erva Daninha finta o destino no palco do CCVF com “Vão”

Há um momento no qual, aparentemente, tudo corre mal, tudo se decompõe numa espécie de azar ou sorte. Esse é o momento certo, a oportunidade espreita, a recuperação, o erguer, o fintar o destino, a corrida sem olhar para trás. ‘Vão’ é isto mesmo. Uma ponte de oportunidade que desaba. De repente encontramo-nos num espaço entre o nada e o vazio, entre os extremos de um vão que temos de superar. Encontramo-nos entre o que somos e o que projetamos ser. Partindo da simplicidade de uma estrada, o trabalho de pesquisa foca na ideia de ‘percurso – erro – repetição’ e da constante do equilíbrio ou a procura dele.

 

Em ‘Vão’, não existe um texto ou um alinhamento pré-estabelecido como fio condutor para a criação. E este fator é determinante, fundamental e um dos maiores desafios. Partir do nada, expor os corpos no espaço e na relação com os objetos para chegar a uma composição que contém em si tudo o que do nada possa surgir estimulado por textos, imagens, vídeos, conversas. Uma arte estimulada por diversas artes, por um olhar atento e crítico deste mundo que habitamos. Partindo do real para o imaginário ou abordando o simbólico através dos objetos e das situações. “O objeto símbolo é elementar no processo criativo da companhia. A escolha do objeto certo e simbólico para cada momento ou mesmo para todo o espetáculo é o que nos faz ligar à realidade, alterar o sistema e manipular a perceção física da situação. Todos os símbolos unidos para falar da vida como ela é, frágil e intensa. O símbolo é comunicação, o objeto a realidade e as técnicas de circo o desafio de unir estes domínios de forma extraordinária.”, partilha a Erva Daninha.

 

Defrontamo-nos com um circo de situação, cujos acontecimentos transmitem uma sensação emocional sobre determinada proposição ou emoção. Tomando como exemplo aquele equilíbrio que não é só uma demonstração técnica circense mas uma sensação de como perder o equilíbrio faz parte de uma vida equilibrada. Para cada um de nós nas nossas vidas. “Este nosso ‘Vão’ é o culminar de uma longa caminhada onde, embora tendo fé no livre arbítrio, somos engolidos pelas circunstâncias das nossas vidas e dos outros. Um percurso, um ciclo sem fim, sem início. Como vencer o Vão? Esta distância entre nós, entre mim e eu próprio.”, sublinha ainda a companhia.

 

No próximo sábado, 2 de novembro, a companhia Erva Daninha apresenta a sua nova criação no palco do Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF). ‘Vão’ – peça recém-estreada a 28 de setembro no Teatro Viriato

 

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