O Festival A Estrada implementa-se ao longo de uma das estradas municipais mais bonitas de Portugal, a Estrada Municipal 544, situada numa das regiões com menor densidade populacional, onde o verde da floresta e o azul do mar são as manchas dominantes na imensidão das paisagens que se avistam da linha de festo da Serra de São Francisco.
A edição de 2023, de 9 a 12 de Agosto, vem aprofundar e precisar o conceito original e pertinente do evento: a experiência de um território através de uma programação cultural com foco na música, ao longo da estrada que liga a Serra de São Francisco à linha de praias da Costa de Santo André, qual espinha dorsal entre a Serra e o Mar, serpenteando encosta abaixo pelo verde do montado e sempre com o azul do oceano em pano de fundo.
Posicionando-se como um evento de nova geração, inovador, ecológico e integrador, o festival tem como premissas a itinerância da programação ao longo de lugares icónicos do território e o enquadramento das suas propostas artísticas na paisagem, com o mínimo ruído visual possível e o máximo foco na relação com o espírito de cada lugar.
No dia 9 de Agosto, dia de São Romão, estão previstos dois momentos especiais, inaugurais do festival: um ao princípio da manhã e outro ao final da tarde. Ao princípio da manhã, um passeio de bicicleta percorrendo a coluna vertebral do território do festival, a Estrada Municipal 544, em movimento descendente, encosta abaixo, serpenteando pelo montado, com o mar no horizonte, sempre à vista. Da Aldeia de São Francisco da Serra até à Praia da Costa de Santo André, reavivamos de forma ecológica e plena de intencionalidade, a memória da tradicional romaria da população serrana até à praia para o seu banho anual de mar, cada um deslocando-se como podia, para conviver, cantar, namorar comer o farnel, celebrar. É também isso que vamos experenciar. Mediante inscrição, os passeantes ficam habilitados a um concerto surpresa, a cantar se lhes apetecer, a um petisco serrano saboreado junto ao mar, a fazer novos amigos e também a namorar ou a micar novas paixões.
Ao final da tarde, rematamos o primeiro dia do festival com uma conversa / jantar, num lugar mágico, com uma vista deslumbrante sobre a floresta autóctone desta região, o Sobreiral, um Montado com maior diversidade de espécies arbóreas e em terrenos mais acidentados que a característica planície Alentejana. A conversa será moderada por Miguel Bica da Plataforma Gerador e o jantar confecionado pelo Chef David Vitorino aka “Brutus Food and Beer”, oriundo de Santiago do Cacém. Os convidados não podiam ser mais diversos: Tiago Pereira, da MPAGDP; Vitor Belanciano, jornalista de música; João Abreu, do Museu da Paisagem; e Luis Capitão, enólogo da Herdade do Cebolal. O tema da conversa será a relação, tão estimulante nestes tempos, entre tradição e contemporaneidade, com contributos de diversos campos do saber, como a gastronomia, a produção vinícola, a música, o jornalismo e a interpretação da paisagem. Nani Medeiros e João Pita, trazem para a mesa várias sonoridades do mundo, e várias misturas das mesmas, das mais tradicionais, como o fado e o choro, a outras mais contemporâneas, como a bossa nova e o samba-canção. Uma Conversa no Montado, para um máximo de 30 comensais.
No dia 10 de Agosto e no Palco Serra, no recinto da antiga Corticeira de São Francisco, a noite começa com a apresentação de uma seleção de vídeos gravados por Tiago Pereira e a MPAGDP no Concelho de Santiago do Cacém, Distrito de Setúbal. E depois atuam: essa menina-mulher-prodígio que desde 2022, quando se deu a conhecer ao mundo a solo, já percorreu quase todas as estradas portuguesas, e que dá pelo nome de Ana Lua Caiano, cruzando sonoridades tradicionais com a música eletrónica; e Duarte, o multi-premiado fadista e o seu fado-psicológico, imbuído de melancolia, contemporaneidade e profundidade.
No dia 11 de Agosto, o Palco muda-se para a Lagoa de Santo André, com duas partes distintas. Uma, diurna, que se inicia à tarde com o cavaquinho indomável de Sílvio Rosado, cruzando-se com o Pôr do Sol e até à passagem do crepúsculo para o mar de estrelas sobre a eira do Monte do Paio. Outra, noturna, que se inicia com a liberdade da música e cultura ciganas captadas no filme “A Música Invisível”, de Tiago Pereira, passa pela catarse coletiva com a banda Rastafogo, potenciada pelas sonoridades tradicionais e dançantes do nordeste brasileiro, e termina com o natural e extravagante Folclore do Futuro dos Venga Venga, cujo videoclip do tema Curupira foi filmado na região, mais precisamente na Praia da Galé.
No dia 12 a Estrada chega à Praia e termina no Lagoa ó Mar – Beach Lounge. O último dia começa com o concerto-performance de Los Micromondos de Brass, uma proposta onde convergem a música e as artes visuais, comandadas por um músico-saxofonista-palhaço que viaja pelo mundo com a sua mala de memórias. A tarde segue até ao anoitecer, cruzando-se com a programação de Sunsets do Lagoa ó Mar, com a curadoria da Transiberia.
Os DJs e Melómanos – Xoices e Vitor Belanciano – cada um em separado, aquecem-nos os corpos e massajam-nos a alma até ao pôr do Sol, preparando a atmosfera para a magia do que se segue: a voz doce, sensual e emocionante de Luizga, em ambiente intimista e tranquilo, para abraçar os amigos, cantar com ele(s) e brindar à vida, à amizade e ao amor; seguido de Momma T, a jovem artista e produtora que, cruzando elementos acústicos e eletrónicos nos instrumentais que a acompanham, produzidos pela própria, fecha os concertos do festival, misturando as influências do Blues, Soul e Funk com R&B, Hip-Hop e Jazz, tudo servido com muito groove!
Finalmente, mantendo e confirmando a tradição dos anos anteriores Vitor Belanciano e Xoices fazem um b2b depois da conversa iniciada acidentalmente entre os dois o ano passado. Entre galhardetes e gargalhadas, pérolas e clássicos das últimas quatro décadas, prometem-nos um flashback dançante das nossas vidas, dando-nos também a conhecer sonoridades e batidas mais recentes para, no mínimo, dançarmos até às duas da manhã ou não podermos mais e termos que voltar à estrada de cada qual, a caminho de casa.
Haverão ainda outras atividades, como caminhadas no Salgueiral da Galiza e no Percurso do Barba Roxa, um concurso de fotografia, com a curadoria do Museu da Paisagem, e um workshop de desenho de paisagem ministrado por João Catarino, com três sessões, em três zonas distintas do território, seguindo o percurso da água, da Serra até ao Mar, ao longo dos dias 11 e 12 de Agosto.
9 de Agosto
Passeio de São Romão em bicicleta
09h00 –Concentração em São Francisco da Serra
10h00 – Início do passeio
12h00 – Chegada à Praia
13h00 – Concerto e Petisco na Praia
Conversas do Montado
18h00 – Acolhimento dos participantes
19h00 – Concerto Nani Medeiros e João Pita
19h30 – Jantar / Conversa
10 de Agosto – Palco Serra
21h00 – Projeção de Vídeos MPAGDP (gravados no Concelho de Santiago do Cacém)
22h00 – Concerto Ana Lua Caiano
23h00 – Concerto Duarte
11 de Agosto – Palco Lagoa
10h00 – Caminhada Salgueiral da Galiza
17h00 – 1ª Sessão do Workshop Desenho de Paisagem
19h00 – Concerto Sílvio Rosado
21h00 – Filme “A Música Invisível” de Tiago Pereira
22h00 – Concerto Rastafogo
23h00 – Concerto Venga Venga
00h00 – DJ Set João Melgueira
12 de Agosto – Palco Praia
10h00 – 2ª Sessão do Workshop Desenho de Paisagem
10h00 – Caminhada Percurso do Barba Roxa
17h00 – 3ª Sessão do Workshop Desenho de Paisagem
17h00 – Los Micromundos de Brass
18h00 – DJ Set Vítor Belanciano
19h30 – DJ Set Xoices
21h00 – Concerto Luizga
22h00 – Concerto Momma T
23h00 – DJ Set Vitor Belanciano b2b Xoices
