Damas apresentam… Phil Mendrix + DEBUT! + Fast Eddie Nelson

Via ser assim no dia 30 de Novembro no Damas… Um raro solo do lendário Phil Mendrix, verdadeiro guitar hero português, naquela que é uma autêntica celebração de uma vida dedicada ao rock. O primeiro concerto em Lisboa dos regressados DEBUT! após quase uma década de ausência e a estreia no espaço do bluesman Fast Eddie Nelson.

Ali por volta de 2006, num período de efervescência em que o rock se lançava ao inóspito por via de bandas como Fish & Sheep, CAVEIRAou Lobster, os barreirenses DEBUT! foram daqueles que com o corpo bem assente no género mais fizeram pela sua reanimação a electrochoques, como que a assumir e a contrariar ao mesmo tempo o manifesto ‘Stop Complaining. Music is Dead’ – EP de estreia na saudosa Merzbau. Em palco, essa energia vital expandia-se num mantra de ruído, riffagem, repetição e fervor, com as suas canções sinuosas a dinamitarem a matemática rock através das guitarras cortantes do Claúdio Fernandes e do baixo pulsante do Diogo Vaz, com uma bateria programada meio inimaginável a pontuar as coisas por entre o estrilho. Após split com Lobster a coisa foi definhando até um silêncio em comum demasiado longo, com Cláudio bem activo com Pista ou Nada Nada e Diogo na sombra após militância nos Frango, a amealhar a vontade para que isto voltasse acontecer no seu tempo devido. Provavelmente quando mais precisamos deles, e no seu primeiro concerto de regresso na margem norte do Tejo após a celebração do Barreiro Rocks.

Verdadeira lenda viva do rock português cujo percurso se confunde com a história do género, a bater 55 anos de carreira da forma mais honesta e espontânea, Filipe Mendes imortalizou-se Phil Mendrix nos 1990 mas já era desde há muito um dos maiores. Do yé-yé dos Chinchilas passando pelo psicadelismo dos Fluido, pelos PsicoHeavy Band, Roxigénio até aos Irmãos Catita ou Phil Mendrix Bandresume-se (muito) uma vida de glorificação apaixonada, virtuosa e profundamente sincera à guitarra. Guitar Hero da verdade, como o foi Hendrix, informado pela infância em Moçambique, pelos estudos nos 1960 nos Estados Unidos, pela estadia no Brasil, por uma vivência dedicada à música – suor, electricidade, celebração. Não é um mito porque o temos aqui, connosco.

Gigante do rock barreirense, sem grande recurso à hipérbole, Fast Eddie Nelson carrega a verdade dos blues e da folk com aquela naturalidade quase casual dos grandes. Activo desde os anos 90, com passagem por bandas como Gasoleene, The Sullens ou Los Santeros, é no imaginário de Fast Eddie Nelson que se revela a história que levou o género das suas raízes mais primordiais nos blues e no bluegrass à electrificação – do Robert Johnson ao Howlin’ Wolf ao Hendrix e consequente assimilação branca boa – em canções directas, honestas e cruas alimentadas a bagaço.

Após os concertos a pista fica aos comandos de SHA dos Ghosttown Rockers.