D’Alva… 1 ano de “#batequebate” em discurso directo

No dia 16 de Junho a Glam Magazine esteve à conversa com Alex D’Alva Teixeira e Ben Monteiro, os D’Alva. O tema da conversa foi 1 ano de “#batequebate“, o primeiro álbum editado pela banda em 2014.

O Parque das Nações em Lisboa foi o cenário escolhido para a entrevista conduzida por Paulo Homem de Melo para a Glam Magazine

 

GLAM: Um ano de “#batequebate”, o que aconteceu?

D’ALVA: Passaram 365 dias (risos), perdemos peso, ganhámos peso, eu ganhei 10 kgs. Foi um ano super recheado de… agora seria uma boa altura para usar a palavra “sucesso”. No início era muito prematuro, mais que sucesso fomos bem sucedidos. Sim fomos bem sucedidos e nesta altura conseguimos usar essa palavra.

Se calhar há seis meses atrás perguntavam-nos isso e nós fugíamos de usar essa palavra, mas olhar para o que está a acontecer, para a maneira como passado um ano, ainda há mais pessoas a irem atrás do que estamos a fazer e interessarem-se pelo que estamos a fazer, aliás acabamos de vir do Porto e ficamos com uma sala esgotada no Rivoli e não é só a sala estar esgotada mas a maneira como as pessoas cantaram todas as canções do princípio ao fim, portanto isso é um bom exemplo de como tem sido este ano para nós, tem sido muita coisa a acontecer muito rápido e sempre, sempre positivo, Eu penso que não houve um momento negativo em todo este ano foi uma coisa fenomenal.

 

GLAM: Qual foi assim o ponto alto?

D’ALVA: Isso é muito difícil! Na verdade existiram vários, quando perguntam qual é o concerto mais especial eu não consigo enumerar, cada concerto tem sempre um momento que é especial ou então há sítios onde tocamos que é onde eu sempre quis tocar eu posso dar o exemplo da Moda Lisboa, nós sempre quisemos de algum modo fazer parte daquele mundo não é, sim até mesmo do universo do que é a Moda Lisboa e lá está em menos de um ano fazemos isto e da melhor maneira foi ainda por cima foi no desfile do Luís Carvalho que é um criador que nós admiramos imenso (exato) e a maneira como fomos recebidos por toda a comunidade, lá está é uma coisa diferente, é um mundo onde nós queremos estar enquanto D’Alva de alguma maneira, aliás uma das pessoas que nos acompanha ao vivo, a Carolina, ela é designer de moda portanto, nós temos uma stylish que trabalha em muitos projetos de moda, é um mundo que nos fascina e em menos de seis meses, menos que cinco meses estávamos lá portanto… isso foi logo assim um objetivo que conseguimos riscar mas sei lá o primeiro concerto que demos que foi no D’Bandada em Lisboa, sala esgotada depois fazemos o Alive tudo a abarrotar depois a D’Bandada no Porto, aquilo foi épico portanto não podíamos estar mais satisfeitos e conforme o ano foi passando foram aparecendo coisas novas que sempre foram elevando a fasquia e agora pronto chegamos a esta altura e que vamos fazer o CCB que seria impensável.

Se tu falasses connosco à exatamente um ano atrás e nos dissesses olha vocês vão estar a fazer um concerto em nome próprio no auditório do CCB nós não íamos acreditar e neste momento os bilhetes estão quase a esgotar portanto pá isto é vai tipo um sonho que está a acontecer.

 

GLAM: Antes do “#batequebate” tinham lançado um EP em 2013 que praticamente ninguém conhece, isso foi uma experiência ou já foi o passo que vocês deram com o “#batequebate”?

D’ALVA: O plano era diferente na altura do EP a ideia era construir uma carreira a solo para mim (Alex) o Ben estava a produzir essas canções e o EP era uma espécie de uma amostra do que seria um álbum a solo do Alex mas há uma altura em que nós temos de escrever mais canções para o álbum e o Ben começa a escrever comigo (Alex) e não só produz como também faz tudo o resto e o trabalho era coletivo, não só entre nós os dois mas também com a banda que nos acompanha ao vivo e eu senti uma necessidade mesmo muito grande de tornar D’Alva prontos tornar aquilo que nós estávamos a fazer numa coisa realmente coletiva.

E prontos tira-se o Alex e o Teixeira e fica D’Alva e é um nome fixe para um grupo portanto nós nem nos chamamos de grupo ou de banda mas um coletivo porque não são só as pessoas que tu vês em cima do palco mas também à muita gente que está de fora que faz tudo acontecer que é mesmo tudo o que tu vês desde a roupa que vestimos até às luzes às projeções que estão atrás de nós, há uma conspiração positiva de pessoas que se identificam com o que estamos a fazer pessoas com quem temos uma relação, aliás isso é o ganho maior, eu costumo dizer isto o ganho maior deste ano foram as pessoas que conseguimos conhecer e que quiseram juntar ao que estamos a fazer simplesmente porque gostam de nós ou porque gostam do que estamos a fazer e isso é o ganho maior são as pessoas que conseguimos aglomerar à nossa volta daí também o nome somos D’Alva esta coisa de aglomerar pessoas chamar pessoas a fazer parte do que estamos a fazer e óbvio e depois à o outro lado maior que é o público sem o público e sem a resposta do público que nos fizemos nada disto tinha acontecido.

 

GLAM: Vocês foram buscar influências a cantos muito diversos, essas influências marcaram muito o trabalho que vocês desenvolveram e vão continuar a marcar… Qual é a linha que vocês pretendem continuar a seguir? a que está a inovar eu sei que é uma pergunta complicada…

D’ALVA: Eu fico com a sensação muitas vezes, que de canção para canção à sempre uma coisa nova que nós queremos fazer não sei e o nosso processo criativo ainda é muito instintivo geralmente à uma ideia e é explorar essa ideia. Então mas não sei neste momento, a última canção que fizemos para o disco foi “Aquele momento” e ultimamente as ideias que nós temos mais da parte do Ben continuam nessa linha mas também já há outras coisas que nós já estamos a fazer que já são completamente diferentes. Até porque ouvimos música diferente este ano e reagimos de outra maneira. Este ano fomos expostos a muita música em particular ao vivo, festivais que participámos os sítios onde fomos tocar e isso acaba por te influenciar e nós vermos uma coisa e nos queremos um bocado daquilo que está a acontecer e o #batequebate, eu penso que essa é a chave nós fizemos o que queríamos fazer, nós temos estéticas dos anos 80 dos anos 90 dos anos 2000, não foi intencional e acaba por ser casual nós temos uma canção e percebemos que o que funciona naquela canção é aquele som e depois é que percebemos no final que havia ali uma espécie de uma viagem portanto eu penso que, aliás houve canções que apareceram porque, imagina tínhamos a canção A depois tínhamos a canção B é entre isto falta aqui qualquer coisa então vamos tentar criar esse percurso para quem nos acompanha não perder o fio à miada e eu penso que o disco que fizemos a seguir vai também sofrer desse bom problema que é mesmo que façamos coisas distintas nós vamos tentar encontrar ali um fio um trajeto para quem ouve não se perder.

GLAM: Vocês fazem parte duma linha que a música portuguesa começou a ganhar nos finais de 2009, 2010 em que aquele conceito de música portuguesa mudou radicalmente até a essa altura estavam habituados a música portuguesa falava-se do rock duma banda guitarras… mas pronto vocês fazem parte duma geração que já vai buscar influências ao soul ao funky como vocês há muitos e que estão a conquistar o mercado.

Em termos de futuro, acham que Portugal ainda tem muito por onde evoluir ou já estamos a chegar ao limite, eu digo isto porque todos os dias, vocês sabem melhor que ninguém que somos brindados com novos projetos… se ainda temos margem para evoluir e para crescer?

D’ALVA: No que diz respeito ao que vamos fazer claramente, aliás se tu olhares para as minhas tatuagens eu venho do punk, do hardcore eu venho das guitarras quando eu comecei a fazer este EP com o Alex é um EP muito mais indie rock mas o que é que nós percebemos nessa altura há tanta gente a fazer música com guitarras será que nós queremos fazer parte do ruído que já está a acontecer ou será que vamos nos dispor a um desafio de tentar perceber se conseguimos fazer ir buscar as mesmas ideias mas sem ser desta maneira?

Uma das coisas que aconteceu quem ouvia o EP se não soubesse quem o Alex era pensavam que o Alex era mais um branco (desculpa o termo), mais um branco a tocar guitarra mas é verdade e como nós percebemos isso, percebemos que as pessoas prestavam atenção ao que estávamos a fazer, quando viam o vídeo ou quando nos viam ao vivo, ai espera é um preto que está a tocar e então nós como primeiro as pessoas ouvem a música nós, não já que e se calhar não se nota tanto mas eu também tenho sangue africano já que nós temos essa herança porque não explorar isso portanto nós continuamos a compor quase tudo das guitarras mas depois transpomos para o que fizer mais sentido.

 

GLAM: O vosso disco foi editado pela NOS, portanto têm distribuição gratuita têm noção a quantas pessoas chegaram?

D’ALVA: Não sabemos números, entretanto já se esgotou e agora fizemos mais e agora está para venda… aliás à pouco tempo manda-mos montes deles para a Fnac centenas de discos para a Fnac porque esgotaram, mas a única informação que temos é que no início havia um disco que era uma compilação de vários artistas brasileiros e era óbvio que isso era um disco com mais downloads devido à densidade populacional do país mas logo a seguir vinha o nosso, o nosso ficou eu recordo-me de recebermos esse relatório da NOS em que o nosso disco estava a ter assim um número super interessante de downloads, e foi graças a distribuição digital gratuita que nós não entramos em tops de vendas mas isso foi uma coisa que nós sempre desde o início da nossa parte nós queríamos era que a nossa música estivesse disponível, da forma mais direta possível para quem a consome e as pessoas que consomem música desta maneira são extremamente as pessoas que nós queríamos que tivessem o nosso disco imediatamente.

 

GLAM: No segundo trabalho vão ter a mesma ideologia ou vão evoluir?

D’ALVA: Nós não sabemos, por exemplo nos Brasil os artistas fazem os discos e disponibilizam logo, e é gratuito vais ao site e fazes download. Todos fazem no Brasil desde os artistas maiores as mais recentes e nós não sabemos isso.

Óbvio que houve interesse como o nosso disco correu tão bem, há interesse de editoras maiores e já fomos abordados, já tivemos reuniões mas é uma coisa que estamos a reservar para a altura porque na altura vamos tentar perceber o que faz sentido para nós. E depois tomamos uma decisão não queremos estar até porque a nível tecnológico na nossa equipa temos alguém sempre à procura de coisas diferentes mesmo a nível da programação, há muitas possibilidades em cima da mesa e temos de perceber na altura o que é que faz sentido não só da forma como a música chega às pessoas mas depois como as pessoas podem ter a experiência de ouvir e também para além de ouvir também o que é que vêm.

Portanto na altura quando tivermos um disco quase a ser fechado vamos perceber como é que fazemos isso mas óbvio que é ótimo saber que se quisermos fazer ainda pelos meios tradicionais e com uma grande editora já podemos fazer isso, e óbvio que essas editoras têm o papel a desempenhar nós temos é que perceber o que faz sentido para nós para D’Alva se calhar, daqui a um ano quando fomos editar um próximo disco.

 

GLAM: Para terminar, depois do CCB e da participação no Super Bock Super Rock que é que têm assim programado?

D’ALVA: Nós temos imensos concertos imensos festivais agora lá está para além do Super Bock ainda há o Festins, o Vira Pop, o Bons Sons e ainda há mais que estão aí a vir que ainda não podemos falar e vai ser um verão em cheio. Aliás logo a seguir ao CCB no dia a seguir estamos em Braga e é um festival mais um vai ser ótimo e vamos estar com os Thunder & Co

 

Fotos: Paulo Homem de Melo

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