Coliseu Porto apresentou “Madame Butterfly” em estreia

Dia 1 de Março estreou no Coliseu Porto “Madame Butterfly” com nova produção do Teatro Nacional de S. Carlos. Ópera escrita por Giacomo Puccini, estreou em 1904 no Teatro Alla Scalla em Milão. A história é sobre uma jovem japonesa, Cio-Cio San, também conhecida como Madame Butterfly, que se casa com um oficial naval americano, Pinkerton, que a abandona logo de seguida.

Sendo uma Tragédia japonesa “Madame Butterfly” continua relevante por várias razões e merece várias reflexões. Destacam-se a exploração de temas universais, como o amor, a traição e as disparidades culturais, que permanecem pertinentes na sociedade contemporânea.

Além disso, a ópera oferece uma oportunidade para reflexão sobre questões de poder, colonialismo, e a maneira como diferentes culturas interagem e se influenciam mutuamente. Também pode ser interpretada à luz das discussões sobre representação cultural e a importância de abordar temas sensíveis com sensibilidade e respeito.

Embora a ópera tenha sido escrita há mais de um século, aborda questões como o choque cultural, a exploração do Oriente pelo Ocidente e as consequências desiguais das relações interculturais. Esses temas estão em sintonia com as preocupações levantadas pelo movimento “woke”, que busca conscientização sobre injustiças sociais, raciais e culturais.

Há um outro conceito digno de reflexão perante Butterfly. Será representativa esta encenação de um reflexo do verdadeiro “teatro da crueldade” envolvendo a ideia de um teatro que busca despertar uma resposta emocional e visceral no público, muitas vezes desafiando convenções e explorando temas difíceis?

Embora “Madame Butterfly” não tenha sido concebida com essa intenção específica, pode ser interpretada como uma forma de teatro que expõe a crueldade das relações humanas, especialmente no que diz respeito à traição, ao choque cultural e às disparidades de poder. Portanto, enquanto não foi criada com o propósito explícito de se enquadrar no conceito de “teatro da crueldade“, certamente contém elementos que ressoam com essa abordagem estética e conceitual.

No final da encenação todas as ilusões morrem com ButterflyCon onor muore”.

🖋 Sandra Pinho

📸 Lara Jacinto

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