Citemor – 43º Festival de Montemor-o-Velho segue para a 2ª Semana

Após um início de festival fulgurante e com uma resposta excepcional dos públicos, o programa regressa esta semana ao Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, para dois espectáculos; na quinta-feira, 29, Yellow Puzzle Horse de Dinis Machado e na sexta-feira, 30, Anda, Diana de Diana Niepce.

No sábado, 31, o festival regressa a Montemor-o-Velho com Arquivo Presente de Guimarães, de Rita Morais, no Castelo.

 

É o regresso à sala do Páteo da Inquisição, em Coimbra, de um dos artistas portugueses com maior circulação internacional, cujo percurso o Citemor vem a acompanhar. Dinis Machado, recentemente distinguido com a bolsa Birgit Cullberg, questiona o “que significa ser andrógina quando se está sozinha, longe do olhar de outras pessoas? O que é a androginia como uma relação consigo mesmo?” e conta que “durante os últimos meses, enquanto o mundo se fechava em isolamento, comecei a passar mais e mais tempo na floresta a pensar, a fantasiar e a experimentar essa dança”.

Conhecedor da trajectória do artista, o jornalista Thomas Olsson que assistiu à estreia da obra em Estocolmo escreveu no Svenska Dagbladet que, “quer se trate do seu próprio corpo ou do dos outros, Dinis Machado como bailarino e coreógrafo mostra constantemente quão mutável é ou pode ser. E como pode ser (re)construído com a ajuda de um gesto, uma pose, uma peça de vestuário, ou de um texto ou um objecto. A identidade e o género não são deixados completamente em aberto, mas são incertos, ou melhor, experimentados, de diferentes maneiras em Yellow Puzzle Horse.

Em Anda, Diana, a bailarina e acrobata Diana Niepce retrata a reconstrução do seu eu, depois de uma queda (que a deixou com uma lesão medular), num diálogo entre corpo e mente, entre a lógica e o caos, até construir o corpo que dança. Nesta peça, propõe-se questionar o que é a norma, desafiando preconceitos e ideias que a sociedade tem relativamente à estética dos corpos. Aqui, a deficiência, apesar de presente, não se posiciona no lugar de vítima do sistema. Antes, este corpo fora da norma posiciona-se como revolucionário.

A artista afirma querer “falar do que escondemos. Vou parar de pedir desculpa ao policiamento da norma, que destrói tudo que difere dela própria. Não sou incompleta. Quero parar esta violação da minha intimidade e ninguém me dirá como ser”.

 

No sábado, 31, o festival regressa à vila de Montemor-o-Velho para assistir a Arquivo Presente de Guimarães, de Rita Morais. Partindo de uma investigação sobre a actividade e comunidade teatral de uma cidade, neste caso a cidade de Guimarães, para se abrir a uma ficção assente na relação entre o artista e a sociedade, entre a realidade e a ficção, entre o dentro e o fora do palco. Rita Morais, artista natural desta cidade, questiona “de que forma o teatro limita e inspira a vida? De que forma a vida limita e inspira o teatro? Qual o lugar do artista na sociedade, na cidade, no quotidiano?”

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A decorrer em Montemor-o-Velho até 7 de Agosto, o programa propõe para a próxima semana uma série de acontecimentos únicos. Para além da projecção da criação vídeo de Actus, de Kika Nicolela (parceria Loops.Espanded), a apresentação informal e abertura do processo ao público da Orquestina de Pigmeos, uma leitura (Amanda) e a estreia de uma obra de Carolina Campos e Márcia Lança, três projectos desenvolvidos em residência de criação em Montemor-o-Velho.

 

Atenção aos novos horários do programa: em Coimbra sempre às 20:00 e em Montemor-o-Velho às 21:00

 

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