Bang Venue recebe B Fachada e Primeira Dama para um espetáculo intimista

Desde 2007 tem-se notabilizado por um espantoso, e até certo ponto impiedoso, ritmo de edições, através do qual frequentemente subverte o cânone e converte os dogmáticos, baralha as expetativas e expetora a maralha, coça rótulos, caça ruturas. Entre formatos físico e digital, lançou cinco EP (destacando-se o remoto “Viola Braguesa”, uma reflexão sobre o conceito da tradição e suas traições, ou o split com as Pega Monstro, de 2015, em reflexo da amizade e acuidade estética), três mini álbuns charneira (“Há Festa na Moradia”, que teve edição física em vinil, “Deus, Pátria e Família”, que aparentou parar o país, e “O Fim”, com que anunciou uma pausa sabática) e seis registos de longa-duração (da discussão das questões de moral associadas ao universo infanto-juvenil de “B Fachada é Pra Meninos” e do manifesto de pop batumada que foi “Criôlo” até ao homónimo de 2014, criado com recurso a samples burilados, programações barrocas, batidas apátridas). O seu impacto conjunto testa os limites daquilo que, neste domínio, se entende por produção cultural.

 

Entre 2009 e 2012, fez também parte da banda Diabo na Cruz, com a qual percorreu o país de lés a lés. Ainda em início de carreira, o realizador Tiago Pereira dedicou-lhe o documentário “Tradição Oral Contemporânea”. Com Minta e João Correia lançou uma versão integral do álbum “Os Sobreviventes”, de Sérgio Godinho, com quem já atuou ao vivo.

 

A primeira parte do concerto fica a cargo de Primeira Dama, uma das figuras mais presentes do nosso panorama musical. Com 23 anos, tem o mérito do seu nome, com os LPs “Primeira Dama” e “Histórias porcontar”, não se sustentar apenas pela preponderância que teve na revitalização de Lena d’Água em concertos de repertório repartido, com a banda que agora o acompanha, quer no estúdio e palco com Filipe Sambado ou na produção do último LP de Sreya. Das primeiras histórias de 2016, assentes num som escuro, chegou em 2017 à luminosidade e confiança de “Primeira Dama”, no qual fez revelar o seu esplendor na escrita de canções. “Superstar Desilusão” traz uma outra faceta: a do indie-rock de Julian Casablancas e o lado mais garageiro das Pega Monstro ou dos Veenho, com que cresceu. Após 3 intensos anos de trabalho com músicos tão diferentes entre si – Martim Brito (bateria), António Queiroz (baixo), João Raposo (guitarra e sintetizador) e Inês Matos (guitarra-solo) -, “Superstar Desilusão” de Primeira Dama surge como um disco visceral e exploratório, sempre com um apurado sentido pop, evidenciando nas canções o crescimento e auto-reflexão crítica: ri-se de si próprio com o dedo na consciência.

 

Dia 18 de Dezembro, a Bang Venue recebe B Fachada e Primeira Dama para um espetáculo intimista

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