Se não fosse a pandemia a criar as circunstâncias não havia Bala Desejo. O que equivale a dizer que o jornal Globo não teria encontrado o supergrupo do momento e “a” novidade do ano da música carioca. Nem a revista Veja teria detetado no “Sim Sim Sim” a reinvenção das novas sonoridades populares brasileiras, isto é, o tal jeito setecentista apontado pelo Folha de São Paulo. O mesmo que vários títulos da imprensa especializada do país-irmão garantem fundir as virtudes artísticas de Chico Buarque, Gilberto Gil, Jorge Ben, Rita Lee e outros nomes sagrados para os brasileiros.
A ascensão dos Bala Desejo está a ser meteórica e os quatro novos astros do tropicalismo – Dora Morelenbaum, Julia Mestre, Lucas Nunes e Zé Ibarra – alinham-se pela primeira vez com Portugal. E logo num dos espaços multiculturais mais recentes e alternativos do Porto – o M.Ou.Co. . O concerto acontece a 1 de junho, entremeado pelo de Lisboa no Musicbox e o de Coimbra.
Amigos desde a escola, cada um dos músicos seguia em 2020 um caminho diferente nas suas carreiras. Dora integrava o grupo vocal Zanzibar e Julia compunha melodias para o seu trabalho a solo. Enquanto isso, Zé, que tem uma das mais talentosas vozes emergentes do outro lado do Atlântic, e Lucas, então a participar na produção do álbum “Meu Coco”, de Caetano Veloso (lançado no final de 2021), estavam imersos na criação do segundo trabalho da banda Dônica, que integram juntamente com Tom Veloso, André Almeida e Rodrigo Parcias.
Dora Morelenbaum (filha do reputado violoncelista Jaques Morelenbaum), Julia Mestre, Lucas Nunes e Zé Ibarra começaram a chamar atenção após algumas participações nas lives temáticas no Instagram da cantora Teresa Cristina, que foram um happening nacional durante a pandemia. E a trajetória jamais parou, culminando no lançamento do álbum de estreia do grupo, intitulado “Sim Sim Sim”, com a chancela da Coala Records.
“Os Bala Desejo são the next big thing quer do mundo musical brasileiro quer da música cantada em português. E a oportunidade de tê-los entre nós num momento em que estávamos a fechar a programação de junho foi verde e amarelo em ouro sobre azul”, explica a diretora cultural do M.Ou.Co., Sofia Miró.