As músicas do mundo voltam ao CIAJG entre setembro e novembro

As músicas do mundo voltam a ouvir-se no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), em Guimarães. Depois de um adiamento motivado pela crise sanitária, o ciclo ‘Terra’, promovido pela Capivara Azul – Associação Cultural, arranca em setembro e vai prolongar-se até novembro. No seu segundo ano, a programação reúne artistas de Cabo-Verde, Galiza e Níger.

 

“Terra” volta a girar a 18 de setembro com Julinho da Concertina, um dos últimos mitos vivos do Funaná, a mais vibrante das músicas tradicionais do arquipélago cabo-verdiano. Desde os anos 1970 que ele é também um dos intérpretes dos movimentos de modernização da música daquele país, tendo participado em discos revolucionários como Trapiche, de Alexandre Monteiro, acompanhado Cesária Évora e colaborado com General D nos anos 1990.

Foram precisos mais 18 anos para gravar o seu segundo álbum, Diabo tocador, com o selo da CelesteMariposa Discos, que o recuperou numa altura em que o Funaná voltava a merecer atenção de um público mais alargado.

 

Duas semanas depois (2 de outubro), chega Baiuca, um projeto do músico e produtor Alejandro Guillán, que se constrói no cruzamento entre o cancioneiro tradicional da Galiza, onde este nasceu, e a música eletrónica.

Baiuca apresenta-se em Guimarães em formato especial, tocando ao vivo ferramentas contemporâneas (sintetizador, sampler) e instrumentos tradicionais como flautas e ocarinas. É acompanhado por Xosé Luís Romero, um dos mais importantes percussionistas galegos, líder da banda de música tradicional Aliboria. Andrea e Alejandra Montero, duas das vozes do grupo, também se juntam ao concerto, que terá projeções realizadas em direto pelo videoartista Adrián Canoura.

 

Entre África e a Europa constrói-se o som de Kel Assouf, expressão que significa “nostalgia” e “filho da eternidade” em Tamashek, a língua dos nómadas do Saara. A banda, que toca no CIAJG a 28 de novembro, foi criada por Anana Harouna em 2006, quando se estabeleceu na Bélgica, depois de um longo exílio na Líbia após ter deixado o Níger, onde nasceu, durante a rebelião tuaregue do início dos anos 1990.

Harouma, que chegou a tocar com os Tinariwen, banda fundamental do Rock do deserto, recria a tradição das guitarras tuaregues. O mais recente disco, “Black Tenere” (2019) reúne um power trio que inclui o tunisino Sofyann Ben Youssef (Ammar 808) no órgão e no Moog SUB 37, e Olivier Penu, na bateria.

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