A Festa do Cinema Italiano está de regresso em abril

Foi apresentada esta terça feira, 19 de março, a edição de 2024 da Festa do Cinema Italiano, que se realiza de 12 a 21 de abril em Lisboa (Cinema São Jorge, UCI El Corte Inglés, Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, Cine-Teatro Turim e Cinema Fernando Lopes) e até junho estende-se a mais de 15 cidades portuguesas, entre elas: Almada, Alverca, Aveiro, Barreiro, Beja, Coimbra, Évora, Figueira da Foz, Funchal, Lagos, Leiria, Loulé, Penafiel, Porto, Sardoal, Setúbal.

Além de programar mais de 50 filmes, muitos deles em antestreia nacional, a Festa apresenta concertos, festas e muitos momentos gastronómicos.

Na sua 17ª edição, o Festival irá chegar a um número recorde de cidades em Portugal, estando presente também, além fronteiras, em Angola, Moçambique, Cabo Verde e em mais de 20 cidades do Brasil, tendo-se tornado num dos festivais de cinema italiano mais importantes e com mais impacto a nível internacional“, afirmou Stefano Savio, diretor artístico da Festa do Cinema Italiano.

Na Festa do Cinema Italiano, o público poderá conhecer, em primeira mão, alguns dos filmes que vão estrear ao longo do ano nas salas de cinema portuguesas, numa secção intitulada Panorama. A abrir esta 17.ª edição, é exibido o maior sucesso de bilheteira em Itália de 2023 “Ainda Temos o Amanhã (C’è ancora domani)” de Paola Cortellesi e a encerrar  “Confidenza“, filme que marca o regresso do realizador Daniele Luchetti a uma obra do autor italiano Domenico Starnone, conseguindo talvez a sua obra mais complexa e madura.

O ator Riccardo Scamarcio vem a Lisboa para apresentar “A Sombra de Caravaggio“, onde contracenou com grandes estrelas como Isabelle Huppert e Louis Garrel, neste filme realizado por Michele Placido, sobre um dos mais notáveis pintores italianos. Apresentado no Festival de Cannes e vencedor do Globo de Ouro italiano de melhor filme, é exibido “O Rapto“, de Marco Bellocchio, uma obra poderosa, envolta em caridade cristã que abala as noções preconcebidas. A realizadora Emma Dante marca também presença em Lisboa para apresentar o seu mais recente título “Misericórdia“, um impactante retrato de uma comunidade de mulheres e as suas lutas diárias num mundo de desigualdade e violência. “Comandante“, de Eduardo de Angelis, que foi o filme de abertura da mais recente edição do Festival de Veneza e que gerou uma grande polémica em Itália, ao retratar a história de um comandante de submarinos durante o fascismo de Mussolini, vai ser exibido pela primeira vez no nosso país, numa sessão que contará com a presença do seu argumentista, Sandro Veronesi.

Fazem ainda parte desta secção “O Boémio”, de Petr Václav, um biopic sobre a vida, a arte e os amores do compositor checo Josef Mysliveček, figura de destaque na música do século XVIII e “Romantiche“, a comédia revelação do ano escrita, realizada e interpretada por Pilar Fogliati.

Ainda Temos o Amanhã (C’è ancora domani)” realizado por Paola Cortellesi é o filme de abertura da 17.ª edição da Festa do Cinema Italiano, que vai ser exibido em antestreia nacional, no dia 12 de abril, às 21h30, no Cinema São Jorge. O filme, não só se destaca por ter sido um sucesso estrondoso de bilheteira em 2023 em Itália, chegando mesmo a superar o blockbuster “Barbie“, mas também por ser uma obra íntima e poderosa, que aborda o papel das mulheres na democracia com grande profundidade e sensibilidade. “Ainda Temos o Amanhã (C’è ancora domani)” é neste momento é o 9.º filme mais visto de sempre em Itália e a cantora Lady Gaga já manifestou interesse para fazer o remake norte-americano. Em Portugal, esta obra chega às salas a 9 de maio.

São seis os filmes em competição na 17.ª edição da Festa do Cinema Italiano: “Enea“, que é simultaneamente uma antestreia, realizado por Pietro Castellitto e apresentado em Lisboa pela atriz protagonista, Benedetta Porcaroli. “Disco Boy” de Giacomo Abbruzzese, filme vencedor do Urso de Prata para Melhor Contribuição Artística no Festival de Berlim; “Una sterminata domenica” de Alain Parroni; “El Paraíso” de Enrico Maria Artale, galardoado com os prémios Melhor Atriz, Melhor Argumento e vencedor do Prémio de Cinema Jovem na Secção Orizzonti do Festival de Veneza; “Felicità” de Micaela Ramazzotti, que conquistou o Prémio do Público da Secção Orizzonti Extra do Festival de Veneza e “Stranizza d’amuri” de Giuseppe Fiorello, vencedor da melhor primeira obra nos Globos de Ouro italianos. Os filmes “Disco Boy”, “Una sterminata domenica” e “Stranizza d’amuri” são também antestreias na Festa do Cinema Italiano.

Na categoria Sessões Especiais, vão ser exibidos filmes emblemáticos como “Milano – The Inside Story of Italian Fashion”, um documentário de John Maggio, que tem como cenário a capital da moda italiana e que narra o surgimento da moda italiana e sua ascensão como um fenómeno global, através de um elenco de luxo: Helen Mirren, Sharon Stone, Samuel L. Jackson, Frances McDormand, Tom Ford, Gianni Versace, Giorgio Armani.

No ano em que se comemoram os 50 anos do 25 de Abril de 1974, um momento memorável na história de Portugal, a Festa do Cinema Italiano associa-se à Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema para programar uma retrospetiva intitulada “O outro 25 de Abril / L’altro 25 Aprile”, que pretende celebrar a Festa da Libertação em Itália, ou o 25 de abril de 1945, data em que se assinala o fim do fascismo de Mussolini e o término da ocupação nazista.

Assim, de 1 a 26 de abril serão programadas 10 obras italianas de diferentes décadas, que, entre a ficção e o documentário pretendem refletir sobre as conquistas democráticas em Itália e celebrar os valores da liberdade e resistência: “Roma, Cidade Aberta (Roma città aperta)” (1945) de Roberto Rossellini, “Gli sbandati” (1955) de Francesco Maselli, “Tão Amigos que Nós Éramos (C’eravamo tanto amati)” (1974) de Ettore Scola, “Uma Vida Difícil (Una vita difficile)” (1961) de Dino Risi, “Una questione privata” (2017) de Paolo Taviani, “Inês deve morrer (L’Agnese va a morire)” (1976) de Giuliano Montaldo; “Il sole sorge ancora” (1946) de Aldo Vergano, os documentários “La donna nella resistenza” (1965) de Liliana Cavani e “All’armi siam fascisti” (1962) de Cecilia Mangini, Lino Del Fra e Lino Miccichè e, por fim, “O Conformista (Il conformista)” (1970) de Bernardo Bertolucci.

Nos anos que se seguiram ao 25 de Abril e ao fim da censura em Portugal, diversos filmes italianos conquistaram o público e deixaram uma marca indelével no imaginário coletivo. Entre essas obras inesquecíveis destacam-se: “Feios, Porcos e Maus” (1976), de Ettore Scola, que oferece uma visão crua e realista da vida numa família desajustada em Roma; “Profondo Rosso” (1975), de Dario Argento, um thriller de terror psicológico aclamado internacionalmente; “Salon Kitty” (1976), de Tinto Brass; e “Malizia” (1973), de Salvatore Samperi, um drama erótico que provocou polémica, e que foi um sucesso de bilheteira, explorando as complexidades das relações humanas e da sexualidade.

A atriz Jasmine Trinca, uma das atrizes italianas mais notáveis e representativas da sua geração, vem a Lisboa para apresentar o filme “La Nouvelle Femme” onde interpreta a pedagoga Maria Montessori e a série televisiva de grande sucesso em Itália, “La Storia” baseada no livro da Elsa Morante e dirigida por Francesca Archibugi. O ator Riccardo Scamarcio é Caravaggio no filme realizado por Michele Placido e contracena ao lado de Isabelle Huppert e Louis Garrel. Em “A Sombra de Caravaggio” o espetador mergulha na essência deste ícone fascinante e universal, onde o génio e a indisciplina coexistem para dar uma personagem intemporal. Uma das mais importantes encenadoras no panorama artístico italiano e internacional, Emma Dante, tem feito ela própria um fascinante percurso como realizadora. Assim, em Lisboa vem apresentar em antestreia a sua última obra, “Misericordia”, um impactante retrato de uma comunidade de mulheres e as suas lutas diárias num mundo de desigualdade e violência. Benedetta Porcaroli, uma atriz que se está a consagrar como uma das grandes revelações do panorama cinematográfico contemporâneo italiano, junta-se a nós em Lisboa para apresentar “Enea” e “Vangelo Secondo Maria”. A atriz, shooting star na Berlinale, ficou conhecida após interpretar Chiara na série da Netflix “Baby” e será a próxima Angélica na muito esperada série “Gattopardo”, além de já ter trabalhado com muitos dos grandes realizadores de cinema italianos na sua jovem idade.

O escritor Sandro Veronesi, será outra das presenças marcantes do Festival, autor de obras de grande sucesso também em Portugal como “O Colibri” e “Caos Calmo”.

Massimo Zamboni, figura incontornável do punk italiano e fundador das bandas CCCP e CSI, apresenta no dia 19 de abril, no Cinema São Jorge, um espetáculo acompanhado por convidados, canções e leituras, em italiano e em português, para refletir sobre duas datas simbólicas e sinónimas de revolução em Itália e Portugal: 25 de Abril, de 1945 e de 1974.

A apresentar um filme por si protagonizado, a Festa acolhe o duo Colapesce Dimartino, grande sucesso do Festival de Sanremo, uma das bandas emergentes italianas mais famosas no momento. “La Primavera della mia vita” será seguido de uma conversa e um encontro musical acústico. O filme é um road-trip que conta a história rocambolesca de dois amigos com um passado musical em comum e um futuro todo por escrever. 

A marcar o passo da Festa de Abertura será Napoli Segreta, responsáveis do projecto NU GENEA que já tocaram em festivais como Paredes de Coura e MEO Kalorama, e que no dia 13 de abril no Musicbox, em Lisboa, vão apresentar uma viagem musical pelo cenário sonoro de Nápoles, com uma variedade de géneros que fundem o soul, o disco, o funk, o blues, o wave, o afro-bear e o boogie, com letras em dialeto napolitano, faixas instrumentais e covers inesperadas.

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