A devastação da Amazónia dá o mote à mais recente longa de José Nascimento

Casa Flutuante estreia nos cinemas a 3 de março. A longa de José Nascimento parte das consequências da devastação da Amazónia para contar a história de Araci, uma índia que viu a sua comunidade e a sua cultura serem destruídas na Amazónia.

 

Araci vai viver para o Alentejo, terra do seu marido, sonhando um futuro melhor para a neta de ambos, Joana. Araci é guardiã de valores culturais que não têm correspondência no novo território português.

O lar de Araci desfaz-se uma segunda vez e ela reinventa à sua volta um microcosmo onírico onde verá crescer Joana. Ao mesmo tempo que este universo resguarda a neta do mundo exterior, também lhe fecha um futuro que ameaça ruir a qualquer momento.

Casa Flutuante é um filme cujo tema se inscreve nos refluxos do colonialismo português e da emigração. Ao mesmo tempo aborda o imaginário de Jules Verne sobre a Amazónia do séc. XIX e a devastação e a desertificação contemporânea da floresta tropical. A sua cosmologia resulta de povos índios da Amazónia, como os Ticuna ou os Puyanawa.

A história de Casa Flutuante é contada cruzando o eixo narrativo entre dois territórios, cabendo ao microcosmo individual de Araci a centralidade em que a paisagem e o rio desempenham um papel dominante e um tempo distendido e poético: é a relação das comunidades com os rios, reais e simbólicos, que lhe são próximos.

O filme, rodado na Amazónia e em Mértola, é dedicado à Floresta Amazónica, aos índios que lutam pela sua preservação e a todos que com ela mantêm uma relação de amor.

Partilha