O som como matéria escultórica. Mais do que uma metáfora descritiva, tal hipótese é máxima de criação do produtor Yogev Freiilichman (Jerusalém).
Em “Air” (ZABRA012), quatro composições dissecam-se a si próprias, expondo uma fisicalidade extrema constituída por elasticidades e fissuras, por massas compactas e por torrentes atmosféricas que se evadem tão rapidamente como aparecem. Transversalmente, reconhecem-se motivos da herança dub, aqui actualizada à luz de outras ramificações, do grime à IDM.
Mas, fazendo jus ao pressuposto de um vitalismo da matéria, cada tema desenvolve-se por si próprio de forma distinta. “Hot Air” é jogo livre de parâmetros algorítmicos que foram deixados à sua sorte. “Cold Air”, mais do que nenhuma outra, explora a dimensão atmosférica que tematiza o disco. “3inch” acolhe spoken word sobre uma tocante harmonia melódica que logo se revela provisória. “Dry Air” fecha o disco com baixo claustrofóbico e manobras abrasivas de cenário distópico. Disco com vontade própria, para múltiplas escutas e redescobertas…
“Air” (ZABRA012), tem edição agendada para 15 de Outubro
