Falar de Wayne Hussey é falar da história da música dos últimos 40 anos. Uma aventura que começou no movimento punk em meados dos anos 70, mas que ganhou relevância na década de 80 quando surgem pela sua mão os The Mission.
O punk convertido em gótico ou uma evolução do post punk, muito se poderia dizer sobre Wayne Hussey e os mais diversos estilos e correntes musicais, mas Wayne Hussey é Wayne Hussey e estar a rotular a sua carreira é meramente desviar-se do que é importante, a sua música.
De personalidade marcante como frontman dos The Mission, Wayne marcou uma corrente que marcaria de forma vincada a segunda metade da década de 80, graças a temas como “Severina”, ou “Serpent Kiss”.
Mas a carreira de Wayne Hussey é muito mais que os The Mission. Desde 2008, altura que lançou o seu disco a solo “Bare”, Wayne é ele próprio como ficou provado em palco ontem à noite.
A noite de domingo no Hard Club marcou o regresso desse Wayne em nome próprio. As suas memórias em palco partilham a edição em livro da sua autobiografia. Em formato acústico, por vezes encontrado alguns desvios nesse próprio formato, Wayne atribui uma nova definição de concerto intimista apelando à participação do público na escolha das canções que se atreveu a interpretar.
Enquanto que por parte do público muitas das escolhas eram obvias, seria o próprio Wayne quando as escolhia (“now it’s my turn”), de seguir caminhos mais obscuros nas suas memórias musicais.
À guitarra ou ao piano, em acústico ou acompanhado por uma base mais musculada previamente gravada, as memórias de 40 anos ficaram sem sombra de dúvida na memoria colectiva de todos que escolheram a noite de domingo para de certa forma, prestar uma homenagem à carreira lendária do músico e adepto do Liverpool, bem como amante de um bom vinho do Porto.
O intimismo do concerto seguiu um curso que culminaria com o convite a alguém do público, neste caso Rui T, a subir ao palco e apresentar-se junto de Wayne Hussey com um tema de sua autoria, “Angel in the Sky”.
Longe da imagem austera enquanto líder dos The Mission nos anos 80, Wayne transferiu a sua sala de estar para o Hard club, e numa noite em família, deixou em palco as suas memorias abraçados por todos que tiveram o privilégio de assistir a um concerto que fugiu ao convencional.
Para fãs e seguidores do artista vai ser uma noite para recordar, acima de tudo pelo convívio.
Fotografias / Reportagem: Paulo Homem de Melo