Estávamos em 1994, apesar de já viver em Portugal há 4 anos, ainda me sentia um imigrante brasileiro, que tentava matar saudades da família e dos amigos, fazendo aquelas coisas típicas que qualquer imigrante faz para lembrar as suas raízes. No meu caso, procurava na música uma fuga ou escape para entorpecer as saudades e desligar os problemas por um tempo.
Acostumado as fusões de sons e ritmos do rock, pop, jazz, blues, soul e funk do Brasil, aquela coisa do baixo bem trabalhado e marcante, o som de um trio de metais e a guitarra com um pedal wah-wah, mexiam comigo. Era um catalisador para o corpo começar a mexer e liberar a alma para um voo.
Procurava na música portuguesa algo parecido, até que surge o álbum “Viagens” do Pedro Abrunhosa, na época com os Bandemónio, uma verdadeira lufada de ar fresco na cena musical portuguesa. Lá estavam o trio de metais, o baixo, o ritmo, etc. tudo isso servido com uma cereja no topo, que era o prazer de ouvir e cantar em português.
“Não Posso Mais”; “É Preciso ter Calma”; “Socorro”; “Estrada”, “Fantasia”, “Não Tenho Mão em Mim” e “Mais Perto do Céu”, com aquela batida energética funk, soul…Rock. “Viagens”, “Lua”, “Tudo Que Eu Te Dou”, eram os momentos mais melódicos, tudo isso combinado na perfeição, com arranjos perfeitos.
Ontem, foi realmente uma Viagem para a grande maioria do público que lotou a Super (Rosa Mota) Bock Arena. Bastava um rápido olhar para observar pessoas cantando e recordando sucessos de 30 anos em plenos pulmões. Um Superconcerto com mais de 2:30h de duração, com um Pedro Abrunhos e uma banda incansáveis, onde podemos ouvir além das faixas do Álbum viagens, outros sucessos e até uma música nova “Gloria aos Vencidos por Amor”. Também contou com a presença de convidados especiais, como Claúdia Pascoal, Mário e Leonardo.
🖋 📸 Sérgio Pereira