“O Mar” é uma música à guitarra. Acompanhada pelo contrabaixo e por uma voz suave e juvenil, fala sobre a capacidade que a humanidade tem de esquecer o passado. Poderia ser uma qualidade, mas aqui, ela é encarada como um defeito que nos faz repetir vezes sem conta os mesmos erros geração após geração.
O mar é usado metaforicamente nesta canção pela sua capacidade de apagar pegadas, de arrancar e alterar feitios das pedras, ou de levar consigo objetos para nunca mais serem avistados. O refrão chega como uma desistência para o ativismo ou para a revolta pois qualquer coisa que se faça, “a nada vai somar”.
Com um compasso tercinado, e um verso que não sai dos mesmos dois acordes, somos levados numa viagem de sons quentes, rurais e até um pouco exóticos. No refrão, a harmonia obriga-nos a fazer uma pausa desta viagem por apenas uns segundos, para ser depois retomada com o regresso do verso. A meio da música entramos num solo que nos faz pensar em música jazz e relaxamos um pouco. No final entramos numa secção da música atonal ou experimental ou simplesmente ambiental. Com a voz do Zeca Medeiros recebemos uma frase de um marinheiro morto que se enforcou em alto mar.
A realidade desta personagem vai ser revelada, mas ainda não será no álbum que incorpora esta música, Portugal 2018.
