Theo Anthony e Basir Mahmood no Porto/Post/Doc

Um foco na obra do americano Theo Anthony e uma sessão especial com obras do paquistanês Basir Mahmood são as novidades lançadas esta segunda feira, 20 de Setembro, pelo Porto/Post/Doc.

A ter lugar entre os dias 20 e 30 de novembro deste ano, o festival portuense já havia anunciado um programa especial sob o tema Ideias para Adiar o Fim do Mundo. Ciclo inspirado nas ideias e obras de Ailton Krenak, ativista e pensador indígena que integrará, ao lado da programadora e curadora Susana Rodrigues e encenador e escritor João Sousa Cardoso, o júri internacional do festival.

 

Desde a estreia no festival de Sundance de All Light, Everywhere, potente filme-ensaio sobre a videovigilância e a utilização de câmaras pelas forças policiais nos EUA, que o jovem cineasta Theo Anthony se afirmou como um dos nomes mais estimulantes do novo documentário norte-americano. A sua estreia, na longa-metragem, havia-se dado em 2016, com Rat Film, um documentário sobre os problemas raciais, de urbanismo, de influência estatal na segregação e as condições de vida de certas camadas da população mais pobres e racializadas de Baltimore. Inaugurava-se aí um esquema narrativo de uma inteligência profundamente contagiante que se tornaria a sua imagem de marca. No entanto, seria com a curta-metragem Subject to Review, uma encomenda do canal televisivo de desporto ESPN, que Anthony se afirmaria enquanto autor. O filme “inocentemente” dedicado à utilização do sistema “olho de falcão” nos jogos profissionais de Ténis revelava-se afinal uma parábola eletrizante sobre os limites da percepção da realidade e, como tal, sobre os limites da justiça. No foco que o festival portuense lhe dedica serão exibidos All Light, Everywhere (2021), Chop My Money (2014), Peace In The Absence Of War (2015), Rat Film (2016) e Subject To Review (2019). O realizador marcará presença no Porto para apresentar a retrospectiva.

 

Espaço de Cinema Para o Ar Entrar e Circular é este o nome da sessão especial que, ao longo de 70 minutos, projetará, em contínuo, uma seleção de seis trabalhos do artista Basir Mahmood, descrevendo uma década do seu trabalho, entre a videoarte e o cinema. Uma proposta em estreia nacional que trabalha sobre o limites da percepção da realidade e revela as recorrências e obsessões do cineasta paquistanês. A primeira, o modo como a intervenção da câmara altera o real, impondo a encenação e o desconforto dos gestos. A segunda, o seu interesse pela banalidade de certas ações quotidianas, que a constante repetição eleva a uma dimensão quase iconográfica. A um terceiro nível o subtexto político, tanto no choque cultural entre ocidente e oriente, como no papel da farsa na dramaturgia eleitoral ou o papel dominante da masculinidade e a violência de género que lhe está associada. Por fim, a sua relação com a história do cinema do seu país, e as ruínas de Lollywood (como é chamada a indústria de cinema do Paquistão, que nos anos 1970 foi a quarta maior do mundo, e hoje está reduzida a subprodutos televisivos). Basir Mahmood recebeu o prémio Paulo Cunha da Silva em 2020 e o Ammodo Tiger Short Award no Festival de Roterdão deste ano.

 

O Porto/Post/Doc realiza-se entre os dias 20 e 30 de novembro no Teatro Municipal do Porto – Rivoli, Passos Manuel, Coliseu Porto Ageas, Casa Comum da Reitoria da Universidade Porto e Planetário do Porto – Centro Ciência Viva.

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