The Black Mamba… “The Mamba King” é o novo disco

Poderia existir um filme chamado The Mamba King, com cowboys de chapéu preto, reverendos alucinados e pecadores lavando a alma dos prazeres profanos de sábado à noite, como bem explicou Johnny Cash em “Saturday Morning Coming Down”. A banda sonora iria chamar-se “Believe” e deixaria-nos a todos num transe dançável, aceitando, sem receios, os efeitos secundários provocados por canções hipnóticas com nomes como “Still I Am Alive” ou “Grey Eyes”.

Existe muita realidade nesta ficção. A música dos The Black Mamba irrompe de uma “América da alma” que existe em cada um de nós e não é um local físico. O “reverendo-mor” ou encantador de serpentes tem um nome: Pedro Tatanka que melhor do que nunca mistura, inspirado por tradições milenares, a África imensa e essa “América” do sagrado e do profano. Tatanka e os seus acólitos continuam a “beber” de um poço inesgotável de magia sonora ao qual acrescentam uma grande dosagem de consciência social.

Em “Still I Am Alive” encontramos a canção redentora, como as que se ouvem algures em Biloxi, no Mississipi profundo e negro; já em “She” encontramos o encanto da sedução que nos envolve e domina, mesmo sabendo que nos espera um final doloroso e habitual: a vitória do “pecado” criado pelos suores frios e por um coração perigosamente acelerado, graças a sons que surgem da “alma” de uns acordes hipnóticos.

Podia-se chamar a esta música heavy soul, rock bottom, gospel pop mas preferimos as palavras sábias do gigante e único Ray Charles que não tinha muita paciência para académicos que quisessem definir o que inventou. “Believe” define esta ideia: ouvir, sentir, dançar e acreditar que nestes dias difíceis que vivemos a música dos The Black Mamba garante-nos que a esperança em melhores dias será sempre a última a morrer. “Believe” na “mamba music” e deixemo-nos levar sem receios ou hesitações. Álvaro Costa

 

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