Teresa Salgueiro… Uma Segunda-feira Misty mas cheia de Fest (alegria)

Segunda feira, e apesar da neblina que cobria a cidade invicta proveniente da chuva, que teima em não dar tréguas, o público não se intimidou e praticamente encheu a sala principal da Casa da Música para receber a eterna voz dos Madredeus.

Um palco coberto de fumo com Teresa Salgueiro no centro do mesmo, a sobressair com um esvoaçante vestido branco, abriu as hostes com “Maresia” e fez dissipar a neblina dos nossos corações trazendo alegria de quem a estava a ouvir.

E não foi preciso muito para conseguir a primeira ovação de noite, logo à quinta canção quando recriou o clássico tema de Fausto,  “Por este Rio acima”.

Continuando a viagem pelos grandes autores nacionais, encontra-se com Zeca Afonso no tema “Mulher da Erva”, confessando que nunca o tinha cantado em público. Teresa Salgueiro deu o seu cunho muito próprio, como só ela com o seu timbre único o conseguiria fazer.

 

“Os direitos que temos e que são difíceis de ser cumpridos são acima de tudo, como a Carta que Saramago deixou escrita para as Nações Unidas, são os direitos de cada um – ALEGRiA”. Estás palavras enquadraram o tema que apresentou de seguida, musicando o poema “Alegria” de Saramago. Em “#alegria” mostrou todo o alcance da sua voz fazendo arrepiar pela primeira vez até quem no fundo da sala estava sentado.

Seguiram-se “La Serena” e “ Mar Azul”, um tema de Cabo Verde, conhecido em todo o mundo pela voz de Cesária Évora.

Viaja até ao Brasil, presenteando a sala com uma canção original de Chico Buarque, confessando que a mesma a faz pensar, que a cada dia podemos despertar e ver o mundo como se fosse a primeira vez. Seguiu-se um poema de Violeta Parra que escreveu dos mais belos hinos que ela conheçe…. “Gracias a la Vida

Em “Canción Mixteca” a métrica permitiu à artista fazer um jogo com os dois idiomas o português e o castelhano.

Prossegue com a homenagem aos grandes autores Portugueses em “Verdes Anos”, um original de Carlos Paredes, seguindo-se “Senhora do Tempo”, uma canção muito especial para ela, que fala da confusão que vivemos no nosso tempo e da calma milenar da sabedoria da natureza. Para o final do concerto escolhe o tema “A luz”, sem antes ter agradecido aos músicos mas sobretudo ao público do Porto a presença no concerto, apesar da chuva e de ser uma segunda feira. Destacou ainda a aposta do Misty Fest por a terem incluído na programação.

Regressa para o encore apenas acompanhada pelo acordeão. Este instrumento levou a “Estrela do mar” para um ambiente melancólico a lembrar as ruas parisienses mas a voz de Teresa Salgueiro trouxe-nos para dentro da sala ficando absortos nas suas palavras repletas de emoção. “Bravo” ouviu-se por toda a sala.

 

O restantes elementos da banda, Rui Lobato (Bateria, percussão e guitarra), Oscar Torres (Contrabaixo) e José Peixoto (Guitarra ) juntaram-se a Teresa Salgueira e Fábio Palma (Acordeão), terminando o concerto com “A Fogueira”, em que Teresa bailou em pleno palco.

No final ficamos rendidos à voz e as canções de Teresa Salgueiro e pegando na frase “A alegria e uma emoção necessária para a nossa sobrevivência.“…. Alegremo-nos.

Reportagem / Fotografias: Júlia Oliveira

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