Tellavision edita “Add Land” em Abril via Bureau B

Um pulso lento e levemente errático agita-se por baixo da voz de Tellavision à medida que ela canta – evocando os medos que nos paralisam, os medos que nos inspiram. Campos magnéticos estalam ao longo de uma batida pontiaguda, mas pouco iluminada em “Add Land”, o novo álbum. Não é preciso muito para a sua voz brilhar. Se as pinceladas usadas para pintar estas imagens sonoras são reduzidas ao mínimo, a sua vibrante energia oscila como mais nada na pop. “Add Land”, o seu quarto álbum, é um rigoroso exercício de redução musical, atingindo novos níveis de complexidade e virtuosismo que prova ser mais quente e mais tocante do que nunca.

Ao longo duma década, Tellavision tem sido uma das nossas mais excitantes inventoras sónicos, esculpindo o seu próprio estilo inimitável nos seus anteriores três álbuns, dois EPs e inúmeras músicas. Novas abstrações musicais ecoam num cenário de antigos ritmos mecânicos de Krautrock, aliados à proximidade física emocionante do techno e do ruído. Os seus concertos têm sido consistentemente nada menos que espetaculares: ela tem cantado e experimentado batidas duma variedade imaginável e inimaginável de instrumentos de percussão ao vivo.

Add Land” marca uma partida, uma mudança, um movimento em direção a um novo horizonte, “the coast is clear / add land from here”. Tellavision cortou as conexões que cada vez mais sentia como restrições – o estreito vínculo com as máquinas, por exemplo, a maneira como a voz dela se enredava em sons eletrónicos. Agora, a sua voz ocupa um espaço bem claro num primeiro plano, enquanto ela escolhe ainda adicionar a sua própria voz nos coros de algumas músicas. A diferença é que esses coros já não ofuscam a sua subjetividade, pelo contrário, servem para amplificá-la ou multiplicá-la. Não importa as vibrações, calafrios e dúvidas nas sombras, há uma nova força em evidência aqui, uma nova firmeza na sua música: “Add Land” é uma obra optimista, encarando o mundo de frente.

 

O medo pode ser um fio condutor em “Add Land”, mas o foco está mais orientado para o amor que nos permite superar os nossos medos: o nosso amor pelo outro, por nós próprios. A coragem necessária para fazer um novo começo é o cerne da questão, seguida pelas recompensas que tal coragem pode trazer (“Hat Makers”); é sobre pessoas que resistem a se abrir, escondendo-se sob as conchas que as cobrem (“Salty Man”) e é sobre a alegria que vem de nos abrirmos – se nos atrevermos a fazê-lo – para o mundo, para o aqui e agora da nossa existência “Drop utopia, / drop dystopia, / it’s all here“, como ela canta em “A Living Tale”.

Mais uma vez, Tellavision compôs e gravou todas as músicas sozinha. Juntou-se à produção com Thies Mynther, mais conhecido como metade da dupla Phantom / Ghost, que conheceu Tellavision através de um dos seus trabalhos teatrais mais recentes. Para a tour do disco, usará uma formação de banda com bateria, baixo e sintetizadores criando um quadro para a sua voz: um esforço coletivo com um elemento de instalações teatrais, pop como avant-garde e escultura social, mas maioritariamente pop.

 

Photo: Tim Bruening

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