TeCA “dança” à Margem de histórias de jovens institucionalizados

O livro Capitães da Areia, publicado em 1937 e da autoria de Jorge Amado, é o ponto de partida de Margem, espetáculo que o Teatro Carlos Alberto (TeCA) recebe de 30 de janeiro a 2 de fevereiro. Não tendo a pretensão de fazer uma adaptação da obra do escritor brasileiro para a cena, o encenador Victor Hugo Pontes desenvolveu um trabalho documental com crianças institucionalizadas da Casa Pia e do Instituto Profissional do Terço – “os novos capitães da areia” – adicionando ainda ao texto do espetáculo, cuja autoria é de Joana Craveiro, as memórias e experiências dos intérpretes.

 

Com um elenco que junta jovens dos 14 aos 20 anos – oito rapazes e uma rapariga – com um bailarino e um ator profissional, Margem une a dança ao teatro documental, transportando o público para um “palco-casa-abrigo” que, ao ritmo de uma banda sonora urgente e tribal, expõe questões como racismo, sexo, revoluções e até a morte. Nunca deixando de fazer a ponte com os Capitães da Areia, o espetáculo reflete essencialmente um universo masculino, onde Victor Hugo Pontes quis potenciar a chegada de um elemento feminino com o intuito de “desarrumar e originar outro tipo de relações entre eles”.

 

Tendo estreado em 2018, no Centro Cultural de Belém, e depois de ter vencido o Prémio de Melhor Coreografia 2019 pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), Margem sobe ao palco do TeCA na quinta e sexta-feira, às 10h30 e 21h00; no sábado, às 19h00; e no domingo, às 16h00. No dia 31 de janeiro haverá uma conversa pós-espetáculo, sendo que no dia 2 de fevereiro a récita conta com tradução simultânea em Língua Gestual Portuguesa.

 

Photo: José Caldeira

 

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