O Teatro Experimental de Cascais está prestes a completar 58 anos de existência e continua ativo nos seus objetivos. Por esta companhia têm passado as mais destacadas figuras da cultura portuguesa, como intérpretes, ou grandes figuras das artes plásticas e da música.
Assim, e dentro do espírito humanista da companhia, vão ser prestadas homenagens a Rogério Paulo e Fernanda Neves, intérpretes que fizeram parte do percurso do Teatro Experimental de Cascais.
A homenagem às duas personalidades será realizada no final do espetáculo em cena “A noite dos assassinos”, do dramaturgo cubano José Triana. Em 1970 este espetáculo, com os intérpretes Maria do Céu Guerra, Sinde Filipe e Manuel de Freitas, numa encenação de Jorge Listopad, foi proibido pela censura na véspera da estreia, realizando algumas sessões de forma clandestina, à porta fechada.
Para que a liberdade chegasse ao teatro em 1974, muito contribuíram Rogério Paulo e Fernanda Neves.
O mítico ator, com uma carreira como intérprete, encenador e mentor de inúmeros projetos teatrais, não só em Portugal, como no estrangeiro, esteve detido diversas vezes pela polícia política. Rogério Paulo faleceu, precisamente no dia 25 de Abril de 1993.
Também, Fernanda Neves esteve detida durante mais de um ano na prisão de Caxias, pelo facto de lutar pelo fim da ditadura em Portugal. No documentário televisivo sobre a libertação dos presos de Caxias, no dia 26 de abril de 1974, é bem reconhecível o momento da saída de Fernanda Neves, juntamente com outros antifascistas.
As placas – memória ficam a marcar a sua presença no Teatro Experimental de Cascais e serão um contributo para a memória futura de que os dois intérpretes lutaram pela liberdade. Ficarão junto à homenagem que foi prestada a Miep Giep, lendária figura da tragédia que vitimou a família Frank no regime nazi, e que esteve em Portugal, neste mesmo Teatro, em 1994. Dia 25 de Abril, às 21h00, no Teatro Municipal Mirita Casimiro após o espetáculo “A noite dos assassinos”