Me and My Loopstation… sete músicos e a volta do som ao vivo

Dia 5 de Junho de 2021 em Setúbal, Sado e Sol. O fotógrafo em “test drive” chegou primeiro que eu. Detectei A Garota Não atrás duma máscara, membro da organização do festival “Me and My Loopstation” na Gráfica – Centro de Criação Artística – um espaço que promete dar possibilidades eventuais ao distrito. Está no princípio da descida do miradouro de Setúbal até à Estação ferroviária Quebedo, depois da estação principal da cidade, antes das Praias do Sado.

 

J. Wahl começou a tocar às 15h30 e a cantar letras “a la Conan Osiris“. O António Ferrão anunciou o seguinte: “é interessante, canta bem, toca melhor, mas as letras são um bocadinho meh”

Dito isto, confesso que cheguei no momento do segundo concerto, ou seja, ouvi o maravilhoso “Rapaz Improvisado” a dar tudo na guitarra a partir da sua Loopstation. O som dele é uma continuação pessoal de “Dead Combo” mas a sólo, bem vivo e com boa saúde. Passeios por cenografias “western” na sala de cima, mais pequena do que aquela onde tocou o cabeça de cartaz – Noiserv.

 

O arquiteto e programador musical de Pombal aproveitou o microfone para relembrar: “Não há sanidade mental sem cultura” nem sapato de pele castanho sem meias às riscas no caso do Rapaz Improvisado. Inteligente e elegante.

Num dia tórrido em Setúbal, na Gráfica havia muita frescura e leveza.

 

A terceira aparição do dia foi a da incrível Joana Guerra cujo super poder é ser peculiar ao criar uma música tão bela quanto sinistra e dramática com o seu violoncelo, impressionante domínio vocal e influência jazzística.

Adereços de plástico porque usa molas de estender a roupa para limitar a vibração das cordas… um multiusos feminino universal.  Coloquem o novo álbum “Chão Vermelho” na vossa lista de favoritos. Ouvirão canções em inglês, português e francês. De arrepiar a perna, fechar as pálpebras e revirar os olhos lá dentro como se o assunto fosse grave. Sublime.

 

O “Grilho técnico“, o zumbido apelidado pelo Rapaz Improvisado foi totalmente abafado pela subida ao palco do editor discográfico e curador musical, Manuel Molarinho, em versão “one man band” auto-denomina-se “O Manipulador“. Sempre com uma presença forte e com atitude punk

Ele improvisa à nossa frente. O som é sarcástico com muita atitude punk rock como quem usa uma gargalhada sonora para dizer uma verdade banhada em sofisticação. O álbum “Doppler” continuará a queimar alcatrão durante 2021. Dá para dançar e purgar. As faixas “Ghost” e “Coward” são um bom exemplo disso.

 

O festival organizado pela “Juventude de Setúbal” respeitou todas as indicações da DGS ao ponto de não existir qualquer ponto de venda de bebibas dentro da Gráfica. Trilhos separados para entradas e saídas e medição de tempetura à entrada.

Reportagem: Magda Costa

Fotografias: António Serrão

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