Sentença de Sócrates é conhecida em Guimarães pela mão de Mickaël de Oliveira

Em 2018, o Centro Cultural Vila Flor inaugura na sua programação regular um mini programa à volta de alguns criadores nacionais que pelo seu singular universo de criação reclamam um olhar e vivência mais completa do seu trabalho. Este mini programa proporá a apresentação de 2 das suas obras, uma conversa pós-espetáculo e ações de formação para a comunidade local, em articulação com o Teatro Oficina. O primeiro olhar recai sobre Mickaël de Oliveira, jovem dramaturgo e encenador, que traz a Guimarães o díptico de peças “Sócrates Tem de Morrer”, com um irrepreensível elenco de atores. O primeiro episódio, “A Morte de Sócrates”, sobe ao palco a 23 de fevereiro. Na noite seguinte, Mickaël de Oliveira apresenta o 2º episódio, “A Vida de John Smith”, em estreia absoluta.

Partindo da obra Fédon de Platão, “A Morte de Sócrates” junta em Guimarães a figura reinventada de Sócrates (Albano Jerónimo), e dos seus fiéis amigos, Paulo (Paulo Pinto), Pedro (Pedro Lacerda), Maria (Raquel Castro) e Ana (Ana Bustorff). “A Morte de Sócrates” narra os últimos 3 dias de Sócrates na prisão, na qual permaneceu durante um mês, período em que as festas da cidade proibiam qualquer execução capital. Os amigos de Sócrates tentam convencê-lo a permanecer vivo, apresentando-lhe hipóteses de fuga. No entanto, este mantém-se convicto de que a morte é preferível à vida, sendo o corpo um impedimento ao conhecimento puro. Contudo, depois de alguma retórica, Paulo, Pedro, Maria e Ana confessam que estão eles próprios convencidos de que morrer é a melhor solução, apresentando a Sócrates a utopia de um mundo livre e o plano para o atingir: a constituição de um grupo terrorista e de uma Academia que o perpetue através dos tempos.

Na noite seguinte, 24 de fevereiro, Mickaël de Oliveira apresenta “A Vida de John Smith”, o 2º episódio do díptico “Sócrates Tem de Morrer”, em estreia absoluta. Neste episódio, Paulo, Pedro, Maria, Ana e Sócrates (reencarnado em John Smith) acordam de um longo sono, num Museu de História Natural. São despertados por três membros da Academia: Aquela (Miguel Moreira), Aquele (Pedro Gil) e Aqueloutro (John Romão) que se encarregam de lhes apresentar o mundo que emergiu da utopia desenhada no 1º episódio: uma comunidade definida pela primazia da alma em relação ao corpo.

Memória, linguagem, ficção, filiação, diferença e alteridade, são os temas que alimentam a discussão em que todos têm que chegar a uma decisão sobre o futuro deste novo mundo, em perigo perante uma ameaça sem precedentes. Nesta noite, após o espetáculo, o público poderá juntar-se no foyer do Grande Auditório do CCVF para uma conversa com Mickaël de Oliveira em torno desta apresentação e do caminho percorrido ao longo do processo de criação.

 

Fotografias: Bruno Simão

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